Início China Oito meses depois ELP fala de mortes na disputa fronteiriça

Oito meses depois ELP fala de mortes na disputa fronteiriça

Johnson Chao

A China revelou há uma semana que em junho do ano passado quatro soldados chineses morreram durante confrontos perto da fronteira com a Índia no Rio Galwan. Os militares Chen Hongjun, Chen Xiangrong e Xiao Siyuan “lutaram até ao fim, partindo de forma destemida”, enquanto a quarta vítima mortal nos confrontos, Wang Zhuoran, “morreu a salvar os colegas”, enquanto atravessava o rio, anunciaram as Forças Armadas. Além destes, um comandante militar, Qi Fabao, ficou gravemente ferido, adiantaram.

Para o comentador de assuntos militares Wong Tong, em declarações ao PLATAFORMA, as Forças Armadas chinesas ao comunicarem estes factos oito meses passados sobre os acontecimentos demonstra a complexidade da situação e a necessidade de avaliação da mesma.

Segundo Wong Tong, o comunicado destas fatalidades no confronto fronteiriço marca o final do incidente entre militares chineses e indianos, tendo em conta, especialmente, o aproximar da data das “Duas Sessões”, que este ano celebram o 100º aniversário da criação do Partido Comunista da China, e quando o orçamento militar do país gera sempre alguma discussão.

De acordo com as informações disponibilizadas pelas Forças Armadas, Qi Fabao foi declarado um “comandante heroico na defesa da nação” e Chen Hong Jun um “herói na defesa da nação”. Chen Xiangrong, Xiao Siyuan e Wang Zhuoran receberam títulos de mérito, postumamente.

No dia 31 de agosto de 2020, segundo um comunicado do representante da Força de Comandos Ocidental do Exército de Libertação do Povo, publicado pela agência de notícias Xinhua, as tropas indianas quebraram o acordo a que tinham chegado com a China, após vários diálogos, ao atravessarem a linha de demarcação da fronteira perto do Lago Pangong Tso e da passagem Rezang La, num ato de provocação clara. A Índia reportou que este conflito resultou na morte de 20 soldados indianos. 

Wong Tong admite que a China possa perder algum apoio junto da opinião pública, sendo que a comunicação daquelas fatalidades, meses após os acontecimentos, pode levar à criação de várias teorias da conspiração contra a parte chinesa.

“Em matéria de comunicados oficiais, as forças militares não têm poder para tomar decisões independentes. São situações que requerem uma análise alargada e aprovação de várias instituições. É preciso ter em consideração todos os fatores internos e externos”, assinala o comentador, acreditando que neste caso terão sido levadas em conta todas as implicações. Lembra que a China anunciou publicamente a realização de vários exercícios militares, mas, externamente, as pessoas não tinham consciência de que este conflito estava a decorrer.

Wong Tong assume também que o vídeo oficial agora divulgado está de acordo com o estilo militar do Exército de Libertação do Povo chinês.

“As imagens mostram que as forças militares não abdicaram nem de um centímetro de território. Numa situação de conflito mantiveram a posição e lutaram pela soberania. Qi Fabao, comandante do regimento, liderou os soldados até à linha de conflito, como ditam os ideais de igualdade do Exército de Libertação do Povo Chinês.”

Quanto à situação atual, Wong Tong, acredita que ambos os lados já se acalmaram.

“É um ciclo. Mais uma vez, após várias rondas de negociações, os dois lados voltaram a recuar e a acalmar. Todavia ambos continuam em alerta. Os conflitos territoriais ainda não foram resolvidos”, avisa.

Questionado como é que o rio Galwan, na fronteira entre os dois países, se tornou num campo de batalha, Wong Tong explica que, além de fatores históricos, também existem razões estratégicas.

Por se tratar de uma zona elevada, isso significa que se a China obtiver o respetivo controlo conseguirá observar melhor os movimentos indianos do outro lado da fronteira.

“A longo prazo, é uma posição de comando, que possibilita monitorização e utilização de radares”, diz.

No passado domingo, dia 21, a estação de televisão de Ankang Shaanxi emitiu um vídeo realizado por amigos de Qi Fabao, no qual se pode ver o comandante durante a tradicional visita no nono dia de Ano Novo (dia 20). As imagens mostram Qi Fabao aparentemente recuperado, a sorrir e a tirar fotos.

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