
Desde hoje, 12 de agosto, as autoridades chinesas passaram a emitir vistos individuais e de grupo para quem queira entrar em Macau, vindo de Zhuhai. Ali, mesmo ao lado de Macau, vivem cerca de dois milhões de pessoas. Muitos vão poder voltar a entrar na região administrativa especial. Não será, nem de perto nem de longe, o lenitivo para a economia local. Mas por alguns milhares que sejam, só podem começar ajudar e, admite-se, nunca a prejudicar.
Esta medida vai vigorar, para já, até 26 de agosto. Exatamente 15 dias. Aí chegados, e se nada de extraordinário acontecer em matéria de covid-19, intramuros ou nas zonas adjacentes, a medida de emissão de vistos será estendida a toda a província de Guangdong. Esta sim, já tem escala. Qualquer coisa como cerca de 80 milhões de pessoas. Um número respeitável. Que está espalhado pela província que tem sido a fonte original da esmagadora maioria dos quase, quase, 40 milhões de chineses do interior da China que entraram em Macau em 2019. Esta “experiência” provincial vai estar no ar aproximadamente durante um mês. Até 23 de setembro. A partir desse dia, se tudo continuar a correr bem, a emissão de vistos alarga-se a toda a China. Nação com mais de 1,4 mil milhões de pessoas.
Qualquer percalço, em matéria de saúde pública, fará dessa previsível viagem e consequente viragem, uma miragem
Ou seja, com o regresso à normalidade, espera-se que todo este gigantesco universo gere uns milhões que voltem a embarcar com destino a Macau. De forma ordenada e devidamente controlada. A partir daqui acredita-se que a economia local – dependente, em demasia, da indústria do jogo – possa começar a respirar um pouco melhor. É essa a expetativa. Os números deste mais de meio ano de exposição à pandemia do novo coronavírus foram arrasadores. Para Macau e para o mundo. Ao nível local a economia contraiu 58,2 por cento no primeiro semestre de 2020. As receitas do jogo, nos primeiros sete meses do ano resvalaram 94,5 por cento. Só em maio, por exemplo, o maior mercado turístico da cidade, proveniente do interior da China, deu um trambolhão de 99,4 por cento. É tempo para algum otimismo? Sim. Mas sem espectativas em excesso. Qualquer percalço, em matéria de saúde pública, fará dessa previsível viagem e consequente viragem, uma miragem.
*Editor-executivo do Plataforma