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Igreja Católica critica Presidente do Brasil em carta aberta

Um grupo de bispos e arcebispos da Igreja Católica criticaram o Presidente da República. Os signatários afirmam que Bolsonaro é responsável por uma profunda crise política e de governação que colocou o Brasil numa tempestade perfeita.

“O Brasil atravessa um dos períodos mais difíceis da sua história, comparado a uma ‘tempestade perfeita’ que, dolorosamente, precisa de ser atravessada”, lê-se no texto assinado por 152 elementos da cúpula da Igreja Católica no Brasil, divulgado pela Lusa.

“A causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes com um avassalador colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da República, provocada, em grande medida, pelo Presidente da República e outros setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de governança”, acrescenta o documento.

Para os bispos e arcebispos brasileiros, este cenário traz perigosos impasses, que colocam o país à prova neste tempo que exige das suas instituições, líderes e organizações civis muito mais diálogo do que discursos ideológicos fechados.

“Somos convocados a apresentar propostas e pactos objetivos, com vista à superação dos grandes desafios, em favor da vida, principalmente dos segmentos mais vulneráveis e excluídos, nesta sociedade estruturalmente desigual, injusta e violenta. Essa realidade não comporta indiferença”, defendem os prelados.

Os signatários da carta afirmam ter percebido claramente a incapacidade e inabilidade dos gestores do Brasil em enfrentar a crise social, económica e de saúde que o país enfrenta, que se tornou mais evidente durante a pandemia de covid-19, e criticam a política económica neoliberal defendida pelo Governo.

“É insustentável uma economia que insiste no neoliberalismo, que privilegia o monopólio de pequenos grupos poderosos em detrimento da grande maioria da população”, acusam os bispos e arcebispos, sustentando que o executivo “não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma economia que mata, centrada no mercado e no lucro”.

Os prelados católicos acusam Jair Bolsonaro e o seu Governo de praticarem atos de desprezo pela educação, cultura, saúde e diplomacia.

“Esse desprezo é visível nas demonstrações de raiva pela educação pública, no apelo a ideias obscurantistas, na escolha da educação como inimiga, nos sucessivos e grosseiros erros na escolha dos ministros da Educação e do Meio Ambiente e do secretário da Cultura”, refere a carta aberta.

“Até a religião é utilizada para manipular sentimentos e crenças, provocar divisões, difundir o ódio, criar tensões entre igrejas e os seus líderes. Ressalte-se o quanto é perniciosa toda a associação entre religião e poder no Estado laico, especialmente a associação entre grupos religiosos fundamentalistas e a manutenção do poder autoritário”, adiantam.

No final da carta, estes membros da Igreja Católica destacam a necessidade de haver uma unidade no respeito à pluralidade e no estabelecimento de um amplo diálogo nacional no Brasil que envolva pessoas comprometidas com a democracia, para que seja restabelecido o respeito pela Constituição e pelo Estado democrático de direito.

De acordo com o portal Metrópoles, o documento, subscrito por 152 religiosos, deveria ter sido publicado na quarta-feira (22/7), mas foi suspenso para que o conselho permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) analisasse o conteúdo da carta. Os religiosos que assinam o documento, intitulado de “Carta ao Povo de Deus”, temiam que a ala conservadora da CNBB impedisse a divulgação.

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