O mundo está um caos!
Num mundo onde existem países com líderes demasiado fortes e outros com líderes demasiado fracos, já não bastava a eterna insegurança e instabilidade tão característica de algumas regiões do mundo, além dos problemas globais inerentes ao ambiente?
Desde o início do ano que vivemos numa pandemia mundial, arrastando todos os continentes para uma situação social e de saúde pública calamitosa.
Do ponto de vista da saúde pública, e segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até ao início deste mês, junho, havia a nível global 6,5 milhões de infetados com o novo coronavírus. Sucumbiram à doença até ao momento cerca de 388 mil pessoas. E quase 3,4 milhões de doentes conseguiram recuperar.
Os números apresentados mostram uma realidade nua e crua, onde os continentes americano e europeu estão a ser assolados por milhões de vítimas. Mas é a futura situação epidemiológica dos países mais pobres a maior a preocupação da OMS.
Do ponto de vista económico e social, a situação não é em nada melhor. E se houve uma ligeira redução da poluição resultante do confinamento obrigatório de metade da população mundial, as crises económico-financeira e social em consequência deste mesmo confinamento já estão à vista de todos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu, em abril, que a economia mundial venha a sofrer uma recessão de pelo menos 3 por cento em 2020 devido à pandemia de covid-19.
O presidente do Banco Mundial afirmou, na passada terça-feira, que a economia mundial será confrontada com “perdas abissais”, com pessoas e países a enfrentarem a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, e que “a recuperação será travada pela falta de fundos para reparar os danos causados pela pandemia, principalmente nos países mais vulneráveis” ou no limiar de pobreza.
As grandes potências e blocos económicos reagem com a aplicação de diversas políticas. Lutam desesperadamente contra o desemprego galopante com processos layoff simplificado por exemplo; ou atribuem subsídios e linhas de crédito na tentativa de salvar os tecidos empresariais e sistemas financeiros.
Numa situação extrema como esta que assistimos, até para conseguir ultrapassá-la é preciso ter sorte no país onde se vive. É nesta cruel realidade, onde uns países sofrem mais do que outros, que a situação de Macau contrasta com os demais…
Vivo em Macau há quase 15 anos. Há muito que tenho este sentimento que vivo num lugar peculiar e de “sonhos cor-de-rosa”. Na cidade, conhecida como capital mundial do jogo, com anos consecutivos de superavit das contas públicas, existe segurança plena e dinheiro para tudo.
Em 2018, previsões do FMI indicavam que Macau se tornaria em 2020 no sítio mais rico do mundo, com o maior produto interno bruto per capita, fruto do rápido crescimento económico.
Vivo em Macau há quase 15 anos. Há muito que tenho este sentimento que vivo num lugar peculiar e de “sonhos cor-de-rosa”
Mas janeiro de 2020 trouxe outra realidade à cidade. Mesmo em contexto de pandemia, esta teve até ao momento apenas 45 casos confirmados, um dos quais grave e nenhuma fatalidade a registar.
Num movimento rápido para reverter a situação, o Governo tomou sérias medidas ao nível médico e social para proteger os residentes e ao nível económico para proteger as empresas locais e estabilizar a economia.
Num contexto global caótico, a Região Administrativa Especial de Macau tem conseguido ultrapassar as adversidades.
Com “uma espécie de receita milagrosa”, estejamos a falar do controlo da situação sanitária, da capacidade de apoiar as pessoas durante toda epidemia, ou da fórmula encontrada pelo governo para mitigar a crise económica, o caso de Macau é considerado uma referência para o mundo inteiro.
Prevê o FMI que este ano a economia de Macau deverá recuar 29,6 por cento devido à pandemia da covid-19 e à exposição à China continental. Mas conhecerá um crescimento substancial de 32 por cento em 2021.
Se antes tinha a sensação de viver num mundo à parte. Agora tenho a certeza que vivo numa bolha chamada Macau.