E se falássemos de outra coisa? O Covid já cansa. Como não há futebol, viramos todos médicos de bancada, políticos diplomados, filósofos da nova normalidade… sabemos tudo e mais alguma coisa; menos falar de outra coisa. Boa ideia! Proponho outros temas: vacina, cura por medicamentos, heróis na linha da frente… Não! Não é isso! Um tema diferente: livros, cinema, tendências… sei lá. Ah! Tens razão; pôr os neurónios a divagar. Olha… enviei aos amigos uma lista de filmes que estou a rever; criei um grupo online e discutimos as regras da quarentena. Ups… voltamos ao mesmo. Desculpa, já percebi. Queres livros? Viste que as editoras perdem em média 80 por cento de vendas com a pandemia?! A sério! Tá bem, mudemos de tema: os economistas anunciam um futuro diferente – nada será como dantes. Concordas? Desisto… vou ler as notícias do Covid.
O Homem é um animal de hábitos, concentra-se na sua circunstância; os Media alimentam novelas: políticas, económicas, sociais… uma pandemia global, com estas consequências, domina naturalmente a opinião pública e a publicada, as rotinas, as conversas, as decisões empresariais… Não há volta a dar. Ou então tem mesmo de haver…
Há vida depois do Covid; a questão está em saber se há mais vida durante o Covid.
Assalta-me a dúvida até neste texto: que mais posso dizer? Como posso ser útil? O que é que interessa às pessoas? Será razoável, legítimo, sensato, falar seja de que outra coisa for? É mesmo preciso; temos de o fazer! Olho para esta edição do jornal, para as anteriores… adivinho as seguintes. Tantas abordagens, geografias, línguas… o vírus, esse, está lá sempre, mais ou menos dissimulado. Percorro o online: www.plataformamedia.com … tantos parceiros, tantos países… o bicho não sai dali.
Lanço o alerta… a todos nós. Estamos como o ratinho no laboratório que corre a girar a roda, o dia todo, sem nunca sair do lugar. Há Covid; ele faz parte de nós, domina a ação, o pensamento, a narrativa. Mas temos de sair desta roda. Se não nos focarmos nisso, não somos mais do que isso.
