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Operários esperam medidas do Governo em abril

Leong Sun Iok diz ao PLATAFORMA que está à espera que o Governo anuncie mais uma série de medidas em abril para ajudar trabalhadores de indústrias como o turismo e a restauração, além de ações de formação para novas carreiras profissionais.  

A economia de Macau foi largamente afetada pela Covid-19. Medidas de assistência têm sido lançadas para ajudar pequenas e médias empresas de diferentes setores. Para Leong Sun Iok, a crise social que Macau enfrenta atualmente “não tem precedentes”. A cidade já enfrentou vários testes, como o surto de SRA em 2002, a crise financeira de 2008 e o tufão Hato, mas nenhum foi tão grave como este. No mês passado, a receita da indústria do jogo desceu em 90 por cento e mesmo com a reabertura dos casinos, as previsões “não são positivas”. Segundo o deputado, a reabertura do jogo pode ajudar a suportar a indústria “até certo ponto, evitando despedimentos”, e “estabilizando o emprego e impulsionando a economia”.

As diferentes medidas lançadas pelo Governo incluem cupões de 3.000 patacas para consumo, a isenção de pagamento de contas de água e eletricidade e o apoio a pequenas e médias empresas, cobrindo diferentes áreas, garantindo alguma ajuda às empresas e residentes. 

Todavia, o deputado salienta que as medidas não se destinam a uma indústria específica, sendo que a situação afeta áreas como a dos guias turísticos locais, dos condutores de táxi e de autocarros, restaurantes e outras indústrias.

Desde o segundo semestre do ano passado, o turismo foi atingido pela crise política em Hong Kong, levando à quebra de receitas, lembra. Atualmente, a crise do coronavírus juntou-se ao anterior contexto de Hong Kong, fazendo com que os funcionários sintam ainda mais que “há um longo caminho a percorrer”. 

É por isso que Leong espera que as políticas que se espera anunciadas em abril ajudem as áreas mais atingidas pelo aparecimento do novo coronavírus. Incluindo, por exemplo, medidas que ajudem funcionários das indústrias a mudarem de emprego e carreira. Leong sugere, por exemplo, que se alarguem as licenças de taxista para oito anos, como aconteceu durante a crise financeira. 

Já a indústria de convenções e exposições de Macau deverá registar uma quebra de 40 por cento este ano, com o número de eventos na região a ser reduzido devido a cancelamentos e adiamentos. Leong considera que durante “esta época mais parada”, o Governo pode oferecer um programa de treino remunerado, melhorando o nível de profissionalismo neste setor, ajudando a resolver o problema da falta de recursos humanos e dando resposta às necessidades futuras de desenvolvimento e diversificação da economia. 

No capítulo do emprego, uma sondagem conduzida por um grupo de estudantes no início do surto indica que alunos recém-formados acreditam que haverá menos vagas de trabalho no final da epidemia e que isso implicará uma crise de emprego. 

O deputado lembra que por Macau depender de uma única indústria e havendo outras atividades igualmente dependentes do jogo, isso significa que o mercado de trabalho vai ressentir-se. Todavia, recorda, Macau teve mais trabalhadores externos no passado. Por isso, para Leong Sun lok esta é uma boa oportunidade para formar e treinar recursos humanos locais e para analisar a situação da mão-de-obra estrangeira. 

“Algumas empresas dizem que devido às restrições atuais impostas pelas políticas de saúde e de isolamento é mais difícil trazer trabalhadores estrangeiros para Macau”, afirma, defendendo que as autoridades devem procurar definir quais os empregos que melhor se adequam à população local e investir na formação. 

Promover formação

A Direção dos Serviços para Assuntos Laborais anunciou que vai lançar ações de formação para reduzir as dificuldades de emprego entre a população. 

Numa primeira fase as ações vão focar-se em áreas como “construção e gestão de edifícios” e “maquinaria”, incluindo soldagem, carpintaria, assistência à construção, operação de camiões guindaste, eletricidade, pintura e montagem de paredes e destinam-se a 300 candidatos locais. Existem diferentes requisitos para cada ação de formação, as quais pretendem levar os formandos envolvidos a dominar num mês técnicas básicas daquelas áreas de atividade.

Para aquela direção de serviços, o objetivo desta formação é ajudar trabalhadores cujas empresas foram atingidas pela crise causada pela epidemia, fazendo com que mudem para empregos mais técnicos. 

Isto vai ajudar a criar canais de transferência de emprego distribuídos pelas indústrias com escassez de funcionários, justificou aquela direção. 

 

“Sociedade pede Lei Sindical há muito tempo”

Leong Sun Iok afirma que a sociedade já pede uma “lei sindical há muito tempo, independentemente da situação” que se viva em Macau. 

“Uma lei como esta oferece aos trabalhadores o direito e dever de participar em sindicatos e podem ajudar a resolver vários problemas. O recente surto epidémico tem levantado questões relacionadas com férias e emprego e, por isso, se tudo for organizado na devida forma, os sindicatos poderão administrar melhor uma relação entre empregados e empregadores”, acrescenta. 

Leong espera que a comunidade adote uma perspetiva mais objetiva e que “a Assembleia Legislativa discuta esse projeto de lei em breve”. 

Desde o regresso de Macau à China que membros da Assembleia Legislativa apresentaram por uma dezena de vezes projetos de lei sindical, sem que algum deles fosse aprovado. O último foi apresentado pelos deputados Lei Chan U e Lam Lon Wai, em outubro de 2019. O documento está em discussão. 

Johnson Chao 13.03.20

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