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Há cinco anos quando visitava Macau pela primeira vez como Presidente – para dar posse a Chui Sai On no início do segundo mandato como Chefe do Executivo – Xi Jinping proferiu um discurso sobre o “Progresso na prática de ‘Um País Dois Sistemas”. A esse respeito, da relação entre os dois lados desta moeda, Xi salientava que “em nenhum momento devemos enfatizar apenas um lado em detrimento do outro. Só desta forma podemos seguir o caminho correto e com passos firmes. Caso contrário, uma abordagem equivocada desde o início como a de colocar o pé esquerdo no sapato direito, não nos levará para lugar nenhum”. Esta imagem alude, de certa forma, à expressão idiomática que Jiang Zemin citou em 1989 para procurar tranquilizar Hong Kong, Macau e Taiwan relativamente ao princípio Um País Dois Sistemas: “A água do poço não se mistura com a água do rio”. A verdade é que o leito do rio foi engrossando de forma que inevitavelmente se encontrou com a água do poço, ao ponto de em algumas matérias ser impossível separar as águas. 

 Se em Hong Kong o modelo de região administrativa especial se encontra numa encruzilhada, em Macau avança de vento em popa, em águas de prosperidade e estabilidade. O aniversário da RAEM é uma ocasião por excelência para celebrar os resultados alcançados ao longo destes 20 anos – de inequívoco progresso sócio-económico para o qual o Governo Central teve um papel essencial. Paralelamente, é preciso promover um saudável sentido crítico, que permita corrigir desequilíbrios, evitar excessos de zelo e promover um aperfeiçoamento do sistema, rumo a um modelo social mais justo, a uma fórmula económica mais diversificada e sustentável e a uma efetiva modernidade e modernização da cidade. 

Nas últimas semanas passou a marcar presença nos discursos e comentários oficiais a expressão “Um País Dois Sistemas Com Características de Macau”. Por um lado denota um importante reconhecimento das especificidades desta cidade e da forma como o princípio delineado por Deng Xiaoping tem sido implementado aqui; por outro, deixa no ar uma questão: quais são e quem define essas características? A resposta não deve estar apenas numa interpretação vinda de cima. As gentes de Macau, cientes da sua identidade e pertença à China, têm uma palavra importante a dizer. Essas características incluem, entre outros aspetos, um modo de vida próprio, culturas, línguas e dialetos, sistema jurídico, liberdades, diversidade e um ambiente de paz e tolerância. São essas as pétalas desta flor de lótus à Beira-China plantada, que deve ser regada de forma a estender a sua vida para além de 2049.

 Macau é uma cidade de contato e afetos, que floresceu  quando se abriu. Não faz sentido serem erguidos muros que  impedem a entrada de pessoas ou ideias.

Macau é filha do mar e é nele que se espelha o Mandato do Céu. Bem-vindo Presidente Xi Jinping.  

José Carlos Matias 19.12.2019

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