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Mudar é bom, se for mesmo

Diz o ditado espanhol, muito citado por jornalistas: “Si hay Gobierno, soy contra”. Quer- -se com isso dizer independência, liberdade de expressão. Faço parte dessa escola. Mas não sou contra este Governo, que não merece ser colocado do lado errado da autonomia, da Lei Básica, do interesse de Macau e da população. Estaremos cá para ver, relatar e comentar.

Mas há sinais positivos. Este é um Governo de Estado que exclui, explícita e conscientemente, agendas alheias ao interesse público. Se consegue cumprir, veremos. Ho Iat Seng, diz-se nos bastidores, negociou poder; não se limitou a aceitar o mandato do céu. Exigiu secretários da sua confiança que, espero, exijam diretores e equipas competentes e fiáveis. Estamos a sair de um ciclo terrível, durante o qual faltou liderança, coordenação, eficácia, e sentido de Estado. Se o disse, tantas vezes, seria incoerente condenar a mudança. O resultado não sabemos… mas desejo que corra bem.

Se Ho Iat Seng negociou poder, isso favorece a autonomia, o estilo de vida, os direitos garantidos por Lei e decisão política da China. A defesa da autonomia, das liberdades e garantias, cabe-nos a todos. Serão pressionadas pela dinâmica da inte- gração na Grande Baía, pelas teses nacionalistas na China, pela reação à demonização da China no Ocidente? Claro que sim. Ao Governo, aos jornais, aos juristas, aos universitários… a cada cidadão, cabe proteger a autonomia, lutar por ela, discuti-la e negociá-la. Mas não contra a China. Primeiro, porque é um erro condenado ao fracasso; depois, porque é no diálogo com a China que Macau pode fazê-lo. A China manda em tudo se quiser. Mas não acredito. Não precisa, nem ganha nada com isso. A pressão existe, faz parte da nova normalidade. É para ser gerida, ganhando pontos aqui, ceden- do onde fizer sentido. Este jornal será sempre o mesmo. Independente, sério, sonhador… no con- texto do amanhã, certamente diferente, mas não necessariamente pior. Faremos a nossa parte para defender o melhor.

Paulo Rego 06.12.2019

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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