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Que acordos para o futuro do Brasil?

O candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro foi eleito no domingo Presidente da República Federativa do Brasil. Bolsonaro conseguiu 55,1 por cento dos votos, enquanto Fernando Haddad não foi além de 44,9 por cento. Resta saber com que apoios o novo líder vai contar para governar o país. 

“Somos declarados vencedores desse pleito, seguindo ensinamento de Deus”, disse Jair Bolsonaro, no primeiro discurso depois de ser eleito 38º Presidente da República Federativa do Brasil na noite de domingo, através de um vídeo partilhado na página do Facebook. O capitão do Exército na reserva, candidato pelo Partido Social Liberal (PSL), afirmou que existem “condições de governabilidade” e agradeceu ao povo brasileiro. “Vamos juntos cumprir a nossa missão. Vamos juntos mudar o destino do Brasil”, apelou.

Defensor da ditadura militar – regime que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985 -, Jair Messias Bolsonaro nasceu a 21 de março de 1955 (63 anos) e iniciou a carreira política como uma figura caricata de posições extremas e discursos agressivos em defesa da autoridade do Estado e dos valores da família cristã. Apelidado de “mito” e “herói” pelos apoiantes e de “perigo à democracia” por críticos e adversários, Jair Bolsonaro está na política brasileira há 28 anos e foi eleito deputado (membro da câmara baixa) sete vezes consecutivas, mas sem nunca ter ocupado um cargo importante no Parlamento.

Bolsonaro ganhou notoriedade nos últimos anos e transformou-se num líder capaz de mobilizar milhares de eleitores desiludidos com a mais severa recessão económica da História do Brasil, que eclodiu entre os anos de 2015 e 2016, ao mesmo tempo que as lideranças políticas tradicionais do país têm sido envolvidas em escândalos de corrupção.

Acordos e Futuro

Embora seja a segunda bancada do congresso de deputados, o PSL tem apenas 13 por cento dos lugares e terá de negociar apoios, por troca de lugares no Executivo para garantir o apoio ao seu programa de Governo. Os analistas apontam os deputados ligados aos setores evangélicos, da agropecuária e da liberalização das armas (a conhecida bancada BBB – Bíblia, Boi e Bala – transversal a vários partidos) como os óbvios. Além disso os partidos do centro-direita, em particular o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), serão outros apoiantes óbvios. 

O Presidente brasileiro ainda em funções, Michel Temer, mostrou-se convicto de que o sucessor, Jair Bolsonaro, “fará um Governo de paz e harmonia” que o Brasil precisa. O juiz federal brasileiro Sérgio Moro, responsável pela prisão do ex-Presidente Lula da Silva (PT), também felicitou Jair Bolsonaro pela vitória nas eleições presidenciais, e defendeu a necessidade de reformas na Economia e Administração Pública.

Apesar de a extrema-direita brasileira ter vencido as presidenciais, os partidos de esquerda saíram reforçados nas eleições para os Governos regionais, conquistando mandatos em nove dos 27 estados do Brasil.

Dos nomes anunciados para o Governo, destaca-se o futuro ministro da Fazenda. Paulo Roberto Nunes Guedesm, um economista liberal, formado pela universidade de Chicago. Onyx Lorenzoni, deputado federal reeleito pelo DEM do Rio Grande do Sul nas eleições de 7 de outubro, será o ministro da Casa Civil, uma espécie de “número dois” do Executivo. É a ele que lhe vai competir o papel de agendar encontros de Bolsonaro com outros parlamentares, com o objetivo de aumentar o apoio do candidato do PSL entre os congressistas.

Para ministro da Defesa, foi anunciado Augusto Heleno Ribeiro Pereira, general da reserva do Exército brasileiro. Antigo comandante das Forças de Paz da ONU no Haiti, foi notícia em 2014, quando afirmou que as Forças Armadas não deveriam pedir desculpas por violações aos Direitos Humanos cometidos durante a ditadura militar. No que respeita ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o nome escolhido por Bolsonaro é Marcos Cesar Pontes, o primeiro astronauta latino-americano. 

Carolina de Ré 02.11.2018

Exclusivo Lusa/Plataforma Macau

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