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Lusofonia: unidos pelo património

O primeiro “Fórum Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa” terminou com um apelo dos dirigentes culturais lusófonos à criação de uma plataforma para a cooperação na proteção do património conjunto, nomeadamente o que se encontra nos países menos desenvolvidos.     

Dois dias que souberam a pouco. Foi o que sentiram os dirigentes culturais que estiveram em Macau no fim-de-semana passado para a edição inaugural do “Fórum Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Emanuel Caboclo, diretor-geral adjunto do Instituto Nacional do Património Cultural de Angola, diz que fica o desejo de que o evento possa ser “um pontapé de saída para um processo de valorização do património histórico comum”.

“O que interessava era mesmo coisas mais concretas”, acrescenta Fernando Pereira Teixeira. O presidente da Ordem dos Arquitetos da Guiné-Bissau realça que é possível “começar a entrosar uma estratégia para que o Fórum seja atuante, pró-ativo e não apenas uma montra cultural”.

Já há trabalho a ser feito, referiu o presidente do Instituto do Património Cultural de Cabo Verde. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem em mãos um projeto para a criação de um “Atlas do Património da CPLP, o legado que une todos”, recorda Hamilton Jair Fernandes.

Ana Paulo Amendoeira afirma que não chega. Para a vice-presidente do ICOMOS Portugal (International Council on Monuments and Sites, versão inglesa), “a conclusão mais relevante [do Fórum] é a importância de trabalhar em cooperação, assim como com outros países com património ligado ao nosso”. A responsável defendeu a construção de uma plataforma de cooperação com vista ao reconhecimento desta herança como património mundial.

Uma visão partilhada pela presidente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional do Brasil, país eleito em novembro passado como membro do Comité do Património Mundial da UNESCO. Kátia Santos Bógea acredita que esta é uma oportunidade para criar, “dentro da UNESCO”, um fórum específico para os países lusófonos.

Salvar o que resta

Para Fernando Pereira Teixeira a prioridade para a maioria dos países lusófonos é “proteger e reabilitar o que existe” mais do que sonhar em ser património mundial. O assessor do Ministro das Obras Públicas da Guiné-Bissau fala da experiência do país de onde vem e dá como exemplo os casarões coloniais na ilha de Bolama, antiga capital guineense. “Tenho feito fotos, tenho filmado, porque vai desaparecer e já desapareceu muita coisa”, por causa da instabilidade política que o país atravessa.

Pereira Teixeira defende que o Fórum Cultural deveria ter uma vertente de proteção e conservação do património construído. “Poderia haver intercâmbios, com técnicos vindos de países com mais experiência, como Portugal e o Brasil ou mesmo Macau, que têm muito património”, sugere o arquiteto.

Já o diretor nacional adjunto do Património Cultural de Moçambique, Alexandre António, realça ao PLATAFORMA que só através da valorização e promoção do património construído e imaterial – como a gastronomia e a dança – é que os países lusófonos menos desenvolvidos poderiam passar de um turismo de praia e sol para um turismo cultural de valor acrescentado.

 Vítor Quintã 13.07.2018

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