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A missão de Lei

A designação de Macau como plataforma para as relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa surge hoje como um espaço natural para a cidade,  tendo em conta a sua história, especificidades e enquadramento numa estratégia mais ampla e global de uma China em ascensão. 

Contudo, nos anos imediatos que se seguiram à transição, tal desiderato era visto por várias vozes  – ainda que sobretudo em surdina – com cinismo ou como pouco mais que um exercício de retórica. Tratava-se de uma postura de vistas curtas. Nesses anos em que a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) era ainda uma “criança”, emergia uma voz que desenhava um projecto que procurava sedimentar um pilar estruturante desta dinâmica: a de Lei Heong Iok, presidente do instituto Politécnico de Macau (IPIM). Ao longo de duas décadas, Lei foi afirmando o IPM como polo pedagógico e científico de ligação com a lusofonia. Foi um caminho que fazendo sentido não era óbvio no início, mas que foi deixando raízes. Para isso foi importante trazer para Macau Luciano de Almeida, Diretor da Escola Superior de Línguas e Tradução, primeiro, e, depois, Carlos André, como coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, a par de vários outros académicos e docentes que enriqueceram os quadros do IPM. Na entrevista desta edição do Plataforma, Lei Heong Iok abre uma parte do livro que foi “escrevendo” e que agora se aproxima da última página. Neste caminho, que naturalmente não foi isento de falhas, Lei soube ler bem os sinais e fazer aquilo que a Universidade de Macau não soube ou não quis fazer – dar robustez ao projeto de plataforma sino-lusófona. 

A saída do professor Lei acontece numa altura em que os outros dois homens-chave que implementaram esta estratégia – Luciano Almeida e Carlos André – também se preparam para dizer adeus ao IPM. Para continuar a cumprir a missão,  os novos intérpretes precisam de visão, audácia, abertura e uma atitude descomplexada. E de um sistema sem as entropias e obstáculos que persistem. 

José Carlos Matias 13.02.2018

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