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Plano do assassinato de Kim Jong-un sem justificação

No dia 29 de novembro a Coreia do Norte realizou um teste do míssil intercontinental Hwasong-15, o que levou a um reacender do problema na península coreana que esteve atenuado durante mais de dois meses. Visto o míssil em questão ser capaz de percorrer uma distância de 13.000 quilómetros, ele tem a capacidade de atingir todo o território dos Estados Unidos, o que abalou o país. Por isso, de forma imediata, os EUA e a Coreia do Sul juntaram-se entre os dias 4 e 8 de dezembro para o maior exercício militar conjunto da história. O lado americano mobilizou vários aviões de guerra, incluindo seis F-22, seis F-35A e quinze F-35B. O comandante norte-americano de um F-16 disse estar completamente preparado para atingir a Coreia do Norte. Pouco tempo depois deste histórico exercício militar ter terminado, no Japão foi comunicado que o presidente norte-americano, Donald Trump, planeia assassinar o líder norte-coreano no dia 18 de dezembro. 

Normalmente, no que toca a operações militares, as palavras só vêm depois dos atos. Além disso, é estranho ser revelado até o próprio dia de uma operação militar tão importante como a “decapitação de Kim Jong-un”. Supostamente esta foi a data escolhida por haver suspeitas por parte dos serviços de inteligência americana de que Kim Jong-un irá realizar mais um teste nuclear no dia 17 de dezembro, sexto aniversário da morte do seu pai. Na verdade, a notícia da decapitação de Kim Jong-un sempre foi uma estratégia americana, adicionando-se a isto o facto de a Coreia do Sul no princípio do mês de dezembro ter anunciado a criação de uma “força secreta de comandos”, à imagem dos SEALs norte-americanos, constituída por 1000 militares. Além disso, há dois meses, no dia 16 de outubro, durante um exercício militar conjunto entre estes comandos sul-coreanos e os SEALs norte-americanos que assassinaram Osama Bin Laden, decorreu uma simulação de um ataque para assassinar Kim Jong-un em Pyongyang, a partir de um submarino. A probabilidade de os EUA e a Coreia do Sul atacarem Kim Jong-un em conjunto é muito alta, e será mais fácil para as forças secretas sul-coreanas do que para os SEALs infiltrar Pyongyang. 

No entanto, um ataque a Kim Jong-un e o assassinato de Osama Bin Laden não são comparáveis. Tendo o 11 de setembro sido visto como um ataque terrorista, o assassinato de Osama Bin Laden não foi considerado um ataque apenas por parte dos EUA. Toda a comunidade internacional compreendeu as razões que o motivaram. Mas se neste momento os EUA decidirem assassinar Kim Jong-un, qual será a razão? Por ele conduzir testes nucleares e de mísseis? Ele apenas está a agir como um Estado soberano. Se olharmos para esta questão a partir de um ponto de vista de política internacional, onde está a legitimidade de um assassinato de Kim Jong-un por parte dos Estados Unidos? Ele matou cidadãos americanos? Iniciou alguma guerra de agressão com outro país? Até agora ainda não. Embora tenha gritado e ameaçado, nunca passou à ação. Kim Jong-un e Osama Bin Laden são muito diferentes, e por isso, no que toca a esta decapitação, uma coisa é vê-la de um ponto de vista técnico, outra coisa é vê-la de um ponto de vista político. Qual a sua legitimidade? Será esta ação compreendida pela comunidade internacional da mesma forma que o foi o assassinato de Osama Bin Laden? 

DAVID Chan 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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