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Crescimento revisto novamente em alta pelo FMI

A previsão é de um crescimento de 6,8 por cento este ano, e de 6,5 por cento em 2018. Mas há novo alerta para a necessidade de conter os riscos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) volta a rever em alta as previsões de crescimento económico da China, para 6,8 por cento este ano, e redobra os alertas contra o aumento dos riscos de instabilidade financeira em resultado da continuada expansão de crédito e foco nas metas económicas de curto prazo. A menos que seja invertida a tendência, encontram-se aumentadas as probabilidades de desaceleramento abrupto na atividade do país.

O último relatório de perspetivas económicas mundiais da instituição, divulgado na última terça-feira e em vésperas das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, atualiza os previsões extraordinárias de julho último com ganhos de 0,1 pontos percentuais nas projeções de crescimento chinês (mais 0,2 pontos percentuais por comparação com o relatório regular publicado em abril). A economia do país deve expandir-se este ano em 6,8 por cento este ano, e em 6,5 por cento em 2018.

De acordo com o documento, a expectativa para este ano “reflete resultados melhores que o esperado na primeira metade do ano, suportados por uma anterior flexibilização de políticas e por reformas do lado da oferta”. Já a projeção para 2018 é feita na expectativa de que “as autoridades irão manter políticas suficientemente expansionistas (em especial através de um alto nível de investimento público) para alcançar o objetivo de duplicar o PIB real entre 2010 e 2020”.

Na primeira metade deste ano, a economia chinesa cresceu 6,9 por cento, de acordo com os dados do Departamento Nacional de Estatísticas, num ritmo de crescimento que superou as previsões da generalidade dos analistas e sem que houvesse sinais indiciadores de um abrandamento já no terceiro trimestre. A produção industrial do segundo trimestre crescia em 7,6 por cento (contra 6,5 por cento em período homólogo de 2016), ao mesmo tempo que o crescimento do investimento estabilizava em 8,6 por cento.

As novas previsões do FMI são divulgadas em vésperas do 19º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), marcado para 18 de outubro, de onde se espera que a liderança do Presidente Xi Jinping saia altamente reforçada, mas não um ímpeto de reforma que reduza o espaço do Estado nos principais sectores da economia – e que, segundo uma grande parte dos analistas, tem contribuído para a acumulação de riscos.

Em julho, o Presidente Xi Jinping defendeu a redução do endividamento pelas empresas estatais do país, ao mesmo tempo que chamava a atenção dos supervisores financeiros para situação das chamadas “empresas-zombie” – não viáveis do ponto de vista económico, mas mantidas à tona pelo recurso a crédito barato.

Apesar dos alertas e do reconhecimento da situação pela liderança chinesa, as declarações de Xi Jinping parecem ser vistas como insuficientes. A China continua a encabeçar a lista de riscos às previsões globais do FMI – também revistas em alta, com uma expectativa de crescimento do PIB mundial em 3,6 por cento este ano, e em 3,7 por cento em 2018.

“As previsões revistas do crescimento da China comportam um abrandamento no reequilíbrio da atividade em direção aos serviços e consumo, uma trajetória de dívida mais elevada, e espaço de manobra fiscal diminuído para resposta no caso de um ajustamento abrupto”, diz o FMI. “A menos que as autoridades chinesas contrariem os riscos associados acelerando os encorajadores recentes esforços para limitar a expansão do crédito, estes fatores fazem pressupor uma maior probabilidade de abrandamento do crescimento chinês”, acrescenta.

Os riscos para a economia descriminados pelo FMI são, primeiro, os de um choque de financiamento que reduza o dinheiro que os bancos emprestam entre si ou a compra de produtos de dívida estruturados com que estes se têm vindo a financiar. A imposição de barreiras comerciais à China, uma retoma na pressão de saída de capitais do país e uma eventual normalização dos juros do dólar mais rápida que o esperado são outros dos factores potencialmente desestabilizadores. 

Maria Caetano

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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