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Paulo Rego – JANELA DE OPORTUNIDADE EM TIMOR-LESTE

Assim que o projeto de Oecussi começou a ganhar forma tornou-se evidente que haveria interesses  chineses apostados no desenvolvimento deste enclave timorense em território indonésio, que dá agora os seus primeiros passos. Primeiro, porque faz todo o sentido estratégico, quer do ponto de vista geral da internacionalização do capital chinês quer no contexto da sua ambição de influência regional e global. Depois, porque há motivos particulares de engajamento no quadro da aposta específica de Pequim na relação com os Países de Língua Portuguesa. Por último, mas não menos importante, porque o próprio conceito de zona económica especial é de fácil apreensão por parte do ambiente de negócios na China, onde o Governo Central multiplica as suas próprias experiências do género, testando em ambiente controlado variáveis das reformas económicas em curso.

O modelo constitucional de Timor-Leste pouco ou nada se assemelha ao da China, mas no capítulo particular das zonas económicas especiais é natural que os timorenses se interessem pela liquidez financeira disponível na China, compreendendo também o saber de experiência feito dos chineses na gestão de projetos deste tipo. Como se compreende na entrevista que Mari Alkatiri nos concede nesta edição, o futuro de Oecussi está ainda longe de ser completamente definido. Contudo, as circunstâncias do novo mundo permitem facilmente prever que o capital chinês está talhado para ter um papel relevante no futuro deste projeto.

Díli joga nesta altura várias cartadas decisivas para o seu futuro próximo. Por um lado, Oecussi representa a busca de alternativas à economia do petróleo, cujas receitas tendem a diminuir no médio prazo; por outro, está em causa um grau excecional de integração com a Indonésia, país sem o qual é praticamente impossível pensar o futuro de Timor-Leste; finalmente, está em cima da mesa o desenho de uma série de relações estratégicas com países estrangeiros, desde que se prove a capacidade de atração de investimento e de know-how estrangeiro.

Entretanto, o facto de assumir a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), já no próximo mês de julho, abre a Timor-Leste outra janela de oportunidade, que é a de fazer a ponte entre os países lusófonos e os da ASEAN, bloco do qual a diplomacia timorense quer também integrar. Macau, que no teve fortes ligações a Timor-Leste nos tempos da antiga administração ultramarina portuguesa, mas também por mais tarde ter acolhido inúmeros refugiados timorenses, tem também aqui motivos para seguir de perto os movimentos do seu vizinho lusófono mais próximo. Por todos os motivos: para cumprir o seu papel de plataforma para os países lusófonos; porque, de facto, há novos e interessantes investimentos em jogo; e porque são conhecidos os contactos que a comunidade de serviços lusófona de Macau tem com os poderes formais em Díli.

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