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Inflação sobe a reboque da recuperação turística

Nelson Moura

Antigo administrador da Autoridade Monetária de Macau prevê que a inflação em Macau deve continuar a aumentar nos próximos meses, há medida que os indicadores de turismo na RAEM melhoram

A taxa de inflação na RAEM acelerou em maio, atingindo o valor mais elevado desde outubro de 2022.

De acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o índice de preços no consumidor em Macau aumentou 0,9 por cento em termos homólogos.

A taxa de inflação registada em Macau tem estado abaixo de 1 por cento desde outubro de 2022, quando se registou um índice de preços no consumidor de 1,02 por cento.

Em comentários ao PLATAFORMA o economista e antigo administrador da Autoridade Monetária de Macau, António Félix Pontes, diz que a taxa de inflação em Macau terá “tendência a agravar-se”, sendo possível que em junho atinja 1 por cento.

“Esse movimento ascendente iniciou-se fundamentalmente em abril (+0,85 por cento) e teve continuidade em maio (+0,90 por cento)”, indica Pontes.

“Com o número de turistas a exceder os dois milhões mensais, a procura vai crescer, a taxa de ocupação dos hotéis vai elevar-se, e as rendas e os preços dos imóveis também irão registar uma subida”

Macau registou 2.2 milhões de visitantes em maio, quase quatro vezes mais do que no mesmo mês de 2022.

A ocupação hoteleira na cidade também tem atingido valores acima dos 80 por cento nos últimos meses, chegando inclusivamente aos 85 por cento durante a Semana Dourada do 1.º de maio.

“Assim, esses indicadores, conjugados com o efeito da taxa de inflação importada, farão com que a taxa de inflação de Macau ronde os 2 ou 2,5 por cento no final deste ano. Esta é a minha previsão neste momento”, vaticina Pontes.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu anteriormente que Macau deverá chegar a uma taxa de inflação 2,5 por cento em 2023 – mais 0,1 pontos do que a projeção feita no final de outubro do ano passado – antes de recuar para 2,3 por cento em 2024.

Sobe e desce

Depois de registar 2,75 por cento em 2019, os anos da pandemia viram um decrescer geral da taxa de inflação na RAEM, que decresceu primeiro para 0,81 por cento em 2020, e depois para um crescimento quase nulo em 2021, a 0,03 por cento.

Os valores registados em 2021 representaram a taxa de inflação mais baixa desde 2003.

A taxa de inflação em Macau acabou por recuperar para 1,04 por cento em 2022, mais 1,01 pontos percentuais em relação a 2021.

É preciso notar que as taxas de inflação de Macau, Hong Kong e do interior da China foram consideradas das mais baixas do mundo em 2022.

Com 1,8 por cento a China registou a taxa de inflação mais baixa das principais economias mundiais em 2022, com a RAE vizinha a acabar o ano com a mesma percentagem.

Pequim estabeleceu uma meta de crescimento de preços de cerca de 3 por cento para 2023.

Propinas e salários de empregados domésticos

O crescimento do índice de preços em Macau em maio foi impulsionado, principalmente por aumentos nas propinas escolares e dos salários dos empregados domésticos, assim como pela subida dos preços de refeições fora de casa, dos quartos de hotéis e do vestuário.

Os índices de preços das seções de bens e serviços, educação e da recreação e cultura, por exemplo, aumentaram 9,99 por cento e 5,28 por cento em termos anuais, respetivamente.

No entanto, a diminuição das rendas de casa e a redução dos preços dos bilhetes de avião compensaram o crescimento geral.

Os índices de preços das seções dos transportes caíram 3,36 por cento, com os da habitação e combustíveis, a baixar para 1,88 por cento.

O IPC Geral médio dos 12 meses terminados no mês de referência, em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, aumentou 0,97 por cento.

Os índices de preços das seções dos equipamentos e serviços domésticos (+9,38 por cento), da educação (+7,89 por cento) e dos transportes (+3,05 por cento), tiveram os crescimentos mais significativos.

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