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Lula e Bolsonaro travam debate tenso a três dias das eleições

Marcelo Silva de Sousa

“Mentiroso”, “corrupto”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), favoritos nas eleições presidenciais de domingo, trocaram insultos e acusações em um polémico debate final, esta quinta-feira

O tradicional debate da TV Globo, o mais esperado antes das eleições, era o segundo duelo televisivo com a presença dos dois líderes nas pesquisas e esperava-se que fosse eletrizante, já que era visto como a última grande oportunidade para ambos os lados de atrair o eleitor indeciso.

Em sua primeira intervenção, Bolsonaro, 67 anos, acusou Lula, 76, de ter chefiado uma “quadrilha” de ladrões, durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), inclusive chamando o ex-presidente de “mentiroso” e “traidor da pátria”.

Bolsonaro referia-se ao escândalo na Petrobras, pelo qual Lula foi preso por 18 meses entre 2018-2019, antes da condenação ser anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula, que havia sido criticado por evitar comentar as acusações de corrupção contra ele no primeiro duelo televisivo, decidiu desta vez partir para o ataque.

“Ele falar que eu montei quadrilha, se ele se olhasse no espelho, se soubesse o que acontece no seu governo, o que foi a quadrilha da vacina”, acusou um irritado Lula, favorito nas pesquisas, ao citar as irregularidades durante a compra de vacinas contra a covid-19.

As pesquisas refletem a possibilidade de Lula ganhar no primeiro turno no domingo, segundo os números publicados nesta quinta-feira pelo Instituto Datafolha, que dá ao ex-presidente uma vantagem de 14 pontos percentuais sobre Bolsonaro e 50% dos votos válidos.

“Em 2 de outubro, o povo vai te mandar de volta para casa”, completou o petista, lamentando o fato de Bolsonaro ser um presidente “que mente toda hora, descaradamente”.

“Não existe nada contra meu governo”, respondeu o presidente, que continuou o embate apesar do microfone estar desligado.

Os ânimos logo se acalmaram, mas, nas mais de três horas de discussões, poucas propostas concretas foram apresentadas pelos sete candidatos presentes (dos 11 em disputa).

Incêndios na Amazónia

Atacado pela maneira como seu governo lidou com a pandemia, responsável por mais de 680 mil mortos no Brasil, Bolsonaro afirmou que “nenhum país do mundo comprou vacinas em 2020”.

A equipe de checagem da AFP, no entanto, verificou que a afirmação é falsa, já que milhões de vacinas já haviam sido distribuídas naquele ano, inclusive em países como Argentina, Chile e México.

O presidente também citou um vídeo adulterado em que Lula supostamente defendia que “se roubassem celular para tomar uma cervejinha”.

Apontado por sua política ambiental, muito criticada por ecologistas, Bolsonaro afirmou que “este ano não tivemos notícias de incêndios no Pantanal ou na selva amazônica, além dos que já ocorrem regularmente”.

Mas dados oficiais mostram que os incêndios na Amazônia brasileira até agora em 2022 já superam os registrados em todo o ano de 2021.

Segundo a consulta do Instituto Datafolha publicada nesta quinta-feira, Luiz Inácio Lula da Silva tem 48% das intenções de voto frente a 34% de Bolsonaro. Os dois candidatos subiram um ponto em relação à pesquisa da semana passada.

Considerando apenas os votos válidos (sem brancos ou nulos), Lula reúne 50% das intenções de voto, percentual mínimo para obter uma vitória no primeiro turno. Se nenhum dos candidatos atingir 50% dos votos, haverá um segundo turno em 30 de outubro.

Neymar apoia Bolsonaro

O presidente Bolsonaro tenta a reeleição, contando principalmente com o voto evangélico e empresarial, mas há meses é amplamente superado pelo ex-presidente nas pesquisas.

Bolsonaro obteve nesta quinta o apoio do craque do PSG e atacante da Seleção, Neymar, que publicou um vídeo no Tik Tok, onde tem 8,1 milhões de seguidores, no qual dança e dubla o ‘jingle’ de campanha do presidente.

Para Lula, que tenta voltar ao Palácio do Planalto depois de governar o país entre 2003 e 2010, um bom desempenho no debate poderia levá-lo a vencer já no próximo domingo.

Ele faz campanha pelo voto “útil” já no primeiro turno para tentar capturar votos de outros candidatos atrás nas pesquisas, como o de centro-esquerda Ciro Gomes (6% das intenções de voto) e a senadora Simone Tebet (5%).

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