Os portugueses continuam a ser sobrecarregados, ano após ano, com custos muito elevados decorrentes do salvamento de bancos, a maior parte deles privados, e o balanço até 2020 não muda nada neste panorama. Entre o início da crise financeira (2008) e o final de 2020, os contribuintes arcaram com quase 22 mil milhões de euros de custo efetivo (líquido, já descontando receitas em juros e devoluções de empréstimos, capital e garantias) do banco anteriormente liderado por Rendeiro.
De acordo com o Tribunal de Contas (TdC), que divulgou estes e outros números no parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2020 (CGE 2020), o BPP — o pequeno banco de gestão de fortunas de João Rendeiro (agora foragido às autoridades portugueses, mas, entretanto, preso na África do Sul) — continua a pesar no bolso dos contribuintes pois boa parte dos custos continuam por cobrir.
O banco de Rendeiro, que em 2010 ficou sem dinheiro para pagar a investidores e depositantes, recebeu um aval do Estado no valor de 450 milhões de euros nesse ano, tendo custado além disso vários milhões em juros em que incorreu o Estado mais custos administrativos e judiciais para tentar recuperar ativos e pagar indemnizações aos lesados.
Mesmo com a devolução gota a gotas da garantia, o buraco do BPP continua a ser grande, estando avaliado pelo TdC nos 330 milhões de euros (balanço de 2008 a 2020), indicam dados solicitados pelo Dinheiro Vivo à entidade auditora presidida por José Tavares. Aquele valor é cerca de metade do reforço prometido para este ano no Serviço Nacional de Saúde (SNS), só para haver um termo de comparação.
Em 2020, o TdC refere que o universo BPP devolveu 36,5 milhões de euros da garantia concedida em 2010, mas continuam por recuperar 106,6 milhões de euros desse aval. Fora o resto.
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