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Bispo da Igreja Universal em Angola nega actos xenófobos

Santos Vilola

O bispo Valente Bezerra Luís negou que o movimento reformador na Igreja Universal do Reino de Deus-Angola (IURD) seja “racista e xenófobo”.

O homem que assumiu os destinos da IURD – Angola, depois da ruptura com a liderança brasileira do fundador Edir Macedo, esclareceu que o movimento tem apenas como propósito reformar a Igreja, e nunca atacar os “pastores irmãos” daquele país.

O bispo indicou como exemplo um caso de um pastor brasileiro que optou por permanecer em Angola e trabalhar com os reformadores.

“Aceitamos os brasileiros que se manifestarem a favor dos nossos propósitos. Temos convidado os nossos pastores brasileiros a permanecer connosco”, afirmou o responsável da Igreja, em entrevista à TPA.

O bispo, perto dos 50 anos e que faz parte da IURD desde os seus 16, disse que não é dos angolanos ser xenófobo, pelo que não seria agora com os “irmãos brasileiros” da Igreja.

Valente Bezerra Luís, que trabalhou como missionário da IURD em Moçambique, Senegal, Costa do Marfim, Congo e Madagáscar, reafirmou que há muita desinformação sobre os propósitos do movimento reformador, com único objectivo de sujar a imagem de um grupo de pessoas que sempre trabalhou pela Igreja. O bispo rejeita, por isso, os epítetos de “dissidentes, rebeldes ou golpistas”. “O manifesto que fizemos foi subscrito por 330 bispos e pastores em efectividade de funções e com responsabilidades na condução de alguns templos”, sustentou.

O responsável reafirmou que já não existe crise na IURD-Angola, porque a questão administrativa na Igreja está resolvida. “Há uma nova liderança. Existem apenas pessoas que não se revêem na nossa causa, mas já não há crise”, assegurou.

Valente Bezerra Luís disse que a legitimidade da actual liderança foi confirmada em assembleia, que contou com mais de 330 dos 550 pastores e bispos, nacionais e estrangeiros, que não se reviam na anterior direcção, e “não foi o Governo de Angola quem decidiu.” O angolano à frente da Igreja, implantada no país desde 1991, nega também que o movimento reformador tenha dado golpe à liderança brasileira. “Não tomamos de assalto uma instituição. Estamos a falar de bispos e pastores que pertencem à Igreja e que, por causa das injustiças, decidiram romper com a liderança anterior”, assegurou.

Romper com más práticas

Valente Luís garantiu que a actual liderança da IURD-Angola não vai manter a doutrina que assenta na “prosperidade”, por ser um dos pontos de que estão contra, incluído no manifesto reformista de Novembro de 2019.

“A reforma não visa apenas negar a anterior liderança da IURD em Angola, mas rever os fundamentos da Igreja”, referiu, assegurando que, por enquanto, a denominação é IURD-Angola, até à próxima assembleia de pastores e bispos.

“Vamos decidir, depois, se mantemos o nome actual ou alteramos. Mas cortamos todo o tipo de relação com a liderança a partir do Brasil”, disse.
O responsável justificou que um dos fundamentos do movimento reformador de Novembro de 2019 foi a “saturação”, depois de anos de práticas incorrectas e injustiças dentro da Igreja.

“Os pastores e suas esposas chegaram a um nível de saturação por conta de situações, até pessoais e íntimas, em que uma pessoa sequer podia engravidar a sua esposa sob pena de sofrer castigo, como a redução do salário, a perda de privilégios, caso fosse um pastor titulado ou regional”, referiu.

O bispo admitiu que a IURD de Edir Macedo tem dificuldades em adaptar-se a modelos culturais de países onde se instala. Valente Bezerra Luís citou, como exemplo, que um bispo ou pastor não pode ter filhos depois da ordenação, contrariando a questão cultural em Angola.

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