O candidato às presidenciais de São Tomé e Príncipe Guilherme Posser da Costa identificou hoje a estabilidade política e governabilidade do país como a “marca” do seu mandato, caso seja eleito a 18 de julho.
“Quero que seja uma marca da minha magistratura enquanto Presidente da República, irei pugnar pela estabilidade política e a governabilidade”, disse, em entrevista à Lusa em Lisboa, o candidato apoiado oficialmente pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), no poder.
“Eu procurarei ser um presidente-árbitro, que procura consensos. Serei um presidente que tentarei utilizar o diálogo até à exaustão para resolver os problemas que eventualmente possam surgir no relacionamento dos diferentes órgãos de soberania, porque acredito que a garantia da estabilidade política e da governabilidade são duas condições fundamentais para podermos garantir a tranquilidade e a confiança necessárias, quer para os nossos cidadãos quer, para os nossos parceiros de desenvolvimento quer inclusive para a atração de investimentos”, sustentou Posser da Costa.
Perante uma “crise política verdadeira” – em contraste com “muitas delas, que são só crises artificiais, movidas por estratégias partidárias” -, o Presidente da República deve ter “uma atuação proativa”, promovendo o diálogo e transmitindo “o perfeito conhecimento das competências de cada um dos órgãos”.
“Por isso o slogan da minha campanha é ‘Harmonia e Progresso’. É absolutamente essencial que haja uma maior coesão social para que se crie um clima mais amplo de estabilidade”, sustentou.
Antigo primeiro-ministro, ministro dos Negócios Estrangeiros, juiz do Supremo Tribunal de Justiça, entre outros cargos, Posser da Costa, 67 anos, dedicou os últimos 20 anos da sua vida à advocacia.
Uma “verdadeira reforma da justiça” é uma das prioridades da candidatura de Posser da Costa.
“Os são-tomenses não confiam muito na justiça. Acham que a Justiça ainda é um bocado discriminatória. (…) e só é feita para os mais pobres e os mais ricos conseguem passar pela malha da justiça e continuam a cometer os crimes, impunes”, considerou.
A sua proposta passa por dois aspetos: a assessoria, para auxiliar os juízes são-tomenses, nomeadamente por magistrados reformados de países lusófonos, e a inspeção judicial, que admite ser “polémica, mas absolutamente necessária”.
Num país em crise e muito dependente da ajuda externa, Posser da Costa considera este “não é um processo irreversível” e quer apostar numa “diplomacia económica efetiva”.
“No exercício da minha função e eventualmente nos contactos que irei estabelecer com entidades de outros países, mobilizar recursos, sobretudo o investimento estrangeiro direto para o desenvolvimento daqueles setores onde existem mais probabilidades de um desenvolvimento rápido e que possam proporcionar um crescimento mais sustentável para o nosso país”, referiu, apontando o turismo, a agricultura e a pesca.
“O nosso desenvolvimento económico passa pela completa consciência da nossa parte que a nossa situação geográfica é propícia para transformarmos São Tomé e Príncipe num país prestador de serviços”, sublinhou, acrescentando que o país precisa de “paulatinamente, diminuir o fosso que existe” entre os recursos próprios e a ajuda externa.
Após vários dias a percorrer Portugal para contactar com a comunidade são-tomense, diz que encontrou um denominador comum: “Todos os são-tomenses gostariam de regressar, gostariam de viver na sua terra, gostariam que o seu país tivesse condições para eles terem uma vida saudável e uma vida melhor em São Tomé e Príncipe”.
Perante casos de imigrantes que atravessam dificuldades em Portugal, Posser da Costa reconhece que os recursos do país são limitados, mas considera que “o Estado são-tomense não pode continuar a deixar os seus emigrantes, em Portugal ou noutro sítio qualquer, a viver nas condições em que estão”.
“Aí, o papel do Presidente da República é extremamente importante e pode ter uma importância capital: procurar, com a sua magistratura de influência e contactos com entidades dos países onde estão os nossos emigrantes, encontrar um quadro”, não de privilégios superiores aos de outras comunidades, mas com uma atenção especial por pertencerem à CPLP.
“Nós pertencemos a uma comunidade e achamos que isso faz um pouco a diferença”, sustentou.