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Bom senso ou o direito à dúvida

António Bilrero*

Macau está há 185 dias consecutivos sem casos locais de transmissão de Covid-19.

Macau está há 96 dias sem diagnósticos positivos de casos importados de Covid-19.

É caso para dizer “vamos todos persistir”, mas com bom senso. Utilizar bem o juízo para assegurar boas decisões.

Isto vem a propósito de duas orientações (pelo menos, para já) impostas pelas autoridades locais para quem participa – como convidado ou em trabalho – nas comemorações do Dia Nacional da China, amanhã, 1 de outubro, e na Abertura do Ano Judiciário, no próximo 14 de outubro: a exibição do código de saúde (verde) com a indicação do resultado negativo do teste de ácido nucleico, além da habitual medição de temperatura e utilização de máscara.

A pergunta não pode deixar de ser feita às autoridades: A população de Macau pode continuar tranquila ou tem o direito de duvidar de quem a rodeia?

É que assim, à partida, não se compreende a razão para tamanha cautela ou mesmo tanto controlo. Raios. Há mais de meio ano que não há casos locais de transmissão. Há mais de um trimestre que o território vive sem casos positivos importados. Macau é apresentado ao mundo como um bom exemplo na prevenção e combate à pandemia do novo coronavírus. E como todos na cidade parecem apreciar isso.

Logo, estando as autoridades absolutamente seguras quanto ao imaculado estado de saúde dos concidadãos (basta observar a confiança com que se deixa a população viajar nos transportes públicos, por exemplo) só se podem entender estas exigências draconianas por dúvidas, nunca publicamente assumidas, relativamente àqueles que desde 12 de agosto (Zhuhai), 26 de agosto (província de Guangdong) e 23 de setembro (China interior) tem entrado na cidade.

A pergunta não pode deixar de ser feita às autoridades: A população de Macau pode continuar tranquila ou tem o direito de duvidar de quem a rodeia?

*Editor-executivo do Plataforma

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