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Coronavírus considerado tolerante ao calor, autocurável e altamente resistente aos testes de laboratório

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Uma equipa húngara descobriu que o vírus resiste à introdução de uma nano agulha 100 vezes, tornando-o no vírus mais elástico conhecido. E cientistas franceses afirmam que se pode replicar em células animais após ser exposto a temperaturas superiores a 60 graus Celsius.

Uma equipa de investigadores da Hungria testaram o coronavírus com uma nano agulha para medir a força necessária para o fazer rebentar, como se fosse um balão. Não conseguiram.
O vírus nativo de Sars-CoV-2 – uma partícula de vírus completa – tinha apenas cerca de 80 nanômetros de largura, e a ponta da agulha era muito menor do que isso. A ponta da agulha atravessou por completo o vírus de um lado ao outro. Foi esmagado e voltou imediatamente à sua forma inicial assim que retiraram a agulha.
Os pesquisadores repetiram o procedimento 100 vezes e a partícula viral permaneceu quase intacta.

É “surpreendentemente resiliente”, disse o Dr. Miklos Kellermayer, da Universidade Semmelweis em Budapeste, e que lidera a equipa, num artigo pubicado no biorxiv.org na passada quinta-feira.
O novo coronavírus surpreende constantemente os cientistas com sua estrutura única. E uma equipa da Universidade de Tsinghua, em Pequim, divulgou a mais detalhada reconstrução estrutural do vírus no jornal Cell, esta semana.

Um vírus geralmente torna-se vulnerável após deixar o hospedeiro. Mas, de acordo com alguns estudos, o Sars-CoV-2 pode permanecer em diversas superfícies do dia a dia, como armários, por vários dias. Como consegue sobreviver aos distúrbios ambientais não ficou claro.

Os dados experimentais sugerem que o Sars-Cov-2 poderá ser o vírus mais fisicamente elástico conhecido, até à data, pelos humanos e que as repetidas deformações do mesmo não parecem afetar nem a sua estrutura geral, nem o seu conteúdo.

“As suas propriedades mecânicas e de autocura garantem-lhe uma adaptação a uma ampla gama de circunstâncias ambientais”, disse Kellermayer e os seus colegas.

Cientistas chineses estimaram que o Sars-CoV-2 tinha na sua superfície 26 proteínas de pico com as quais se ligavam à célula hospedeira. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, fizeram depois uma estimativa semelhante de 24. Mas um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, chegou a uma contagem de 40. E Kellermayer disse, ainda, que havia 61 proteínas de pico nas amostras que observou. Isso sugere que a variedade de estruturas virais pode ser maior do que se pensava inicialmente.

Os investigadores observaram também as proteínas de pico e descobriram que oscilavam rapidamente em alta frequência. Uma câmara fotográfica atómica pode tirar mais de 300 fotos por segundo, mas ainda assim só conseguiram capturar uma imagem desfocada dos picos.
Esses movimentos em alta velocidade podem ajudar o vírus a encontrar e a se ligar mais facilmente a uma célula hospedeira, de acordo com os pesquisadores.

Finalmente, um estudo realizado por cientistas franceses, em abril, dá conta que o vírus se pode replicar em células animais após ser exposto a uma temperatura superior a 60 graus Celsius, durante uma hora. Os surtos massivos em alguns países durante o verão do hemisfério norte também sugeriram que as altas temperaturas não retardaram a propagação da pandemia, como anteriormente esperado.

Kellermayer e os seus pares aqueceram a partícula viral a 90 graus por 10 minutos e descobriram que “surpreendentemente, sua aparência global foi apenas ligeiramente alterada”. Apenas alguns espinhos se desprenderam com o calor escaldante, mas a estrutura geral permaneceu intacta.

“O Sars-CoV-2 exibe uma estabilidade térmica global inesperada, que provavelmente está relacionada às suas estabilidades de aerossol e superfície”, concluira, eles.

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