“Há pelo menos 700 mulheres que já foram levadas para o mato por esses insurgentes e são usadas como escravas sexuais e para agricultura”, alerta o historiador moçambicano Yussuf Adam
“Quem está a sofrer com esta guerra são as mulheres, é horrível o que nós ouvimos todos os dias”, disse Yussuf Adam.
O académico falava hoje numa conferência ‘online’ intitulada “Impasse militar: atores e estratégias”, encontro que debateu a violência armada na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique.
Segundo Yussuf Adam, pesquisador desde a década de 1970 e que tem centrado os seus estudos na província, são vários os relatos de mulheres que desapareceram após incursões dos grupos armados e suspeita-se que algumas delas sejam usadas como “escravas sexuais”.
“Há pelo menos 700 mulheres que já foram levadas para o mato por esses insurgentes e são usadas como escravas sexuais e para agricultura”, afirmou o académico.
“É uma coisa que é terrível e não é falada”, frisou o docente da Universidade Eduardo Mondlane.
A província de Cabo Delgado é alvo de ataques por grupos armados desde outubro de 2017, que já causaram a morte de, pelo menos, 1.059 pessoas em quase três anos, além da destruição de várias infraestruturas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, a violência armada levou à fuga de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.
Algumas das ações foram reivindicadas pelo grupo extremista islâmico Estado Islâmico.