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O desporto de sofá também mata. Lentamente, mas mata!

Gonçalo LopesGonçalo Lopes

Dentro de 15 dias, sensivelmente, as escolas vão reabrir em Portugal. Os jovens vão regressar às suas rotinas após mais de seis meses fora do ambiente escolar. Ao contrário do habitual, desta feita, a grande maioria está empolgada com o final das férias. Tudo porque a Covid-19 os obrigou a estarem longe dos amigos e agora veem a oportunidade de recomeçarem as suas vidas fora das quatro paredes familiares. Mas, para muitos, ainda falta dar mais um passo para que os seus níveis de ansiedade baixem, nomeadamente o regresso às atividades desportivas.

Milhares de crianças em Portugal viram-se privadas de praticarem desporto desde março, altura em que o governo português endureceu as medidas para impedir a propagação do vírus. Seis meses depois, contudo, ainda não há certezas, para muitos, do regresso da rotina desportiva. E agora vem a parte mais difícil para os pais: dar a notícia que essa vida ainda está em suspenso e sem data definida.

Há seis meses coube também aos pais explicar as razões da paragem. Nessa altura, ainda assim, foi bem mais fácil, falo por experiência própria. Em março faltavam dois/três meses para o final da época desportiva, muitos continuaram a treinar em casa e a maioria teve consciência que o processo de confinamento era essencial para que algum tempo depois pudessem voltar em segurança para as ruas e para o desporto.

Agora é tudo diferente, as explicações não serão suficientes. E não serão porque nem o próprio Governo e nem a Direção Geral de Saúde conseguiram ainda explicar se a prática desportiva pode ou não regressar. Muitos clubes não sabem o que podem fazer, não conseguem dar respostas aos pais para que estes possam depois elucidar os mais jovens. Há clubes, aliás, que com tanta indefinição dificilmente voltarão a abrir portas.

Se há uns meses António Costa, Primeiro ministro de Portugal, salientou, e bem, que o nosso país não aguentaria um segundo confinamento, eu, como pai, também agora pergunto: será que os nossos filhos aguentam uma época confinados ao desporto de sofá?

Como posso explicar a uma criança que já pode ir para a escola, onde terá contacto direto com centenas ou milhares de outros jovens, e não pode fazer uma atividade física juntamente com mais 10 ou 15 amigos? Como posso explicar a uma criança, já mais velha, que apesar dela ver na televisão notícias sobre festas partidárias com milhares de pessoas ou o regresso dos mais velhos, seniores, à prática da modalidade, que ela não pode?

Não tenho dúvidas que os ‘especialistas’ tomam medidas a pensar num todo, no bem de todos. Mas neste caso específico é importante que todos percebam que o desporto de sofá também mata. Lentamente, mas mata!

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