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É urgente a reestruturação das empresas de media

Ontem, dia 24 de maio, às 21h de Portugal, a Oficina da Liberdade realizou um Webinar com vários intervenientes de renome do panorama português sobre o tema Estado, Comunicação Social e apoios públicos.

A Oficina da Liberdade é uma associação cívica e cultural que tem como missão a defesa da liberdade nas suas mais diversas dimensões. Promove os princípios do Liberalismo, tais como a “rule of law”, o capitalismo, a concorrência, o livre comércio, a propriedade privada, o estabelecimento de relações livres entre indivíduos baseadas na ética e moral individuais, bem como o direito dos indivíduos a determinarem o seu destino.

Ontem, dia 24 de maio, às 21h de Portugal, realizou-se um Webinar sobre a sua alçada com Helena Garrido (Jornalista), Paulo Rego (Administrador da Global Media), Eduardo Cintra Torres (Autor e Investigador), Nuno Gouveia (Consultor de Comunicação) e António Carrapatoso (Accionista do Observador).

O presidente do Observador, António Carrapatoso, e o administrador da Global Media Paulo Rego defenderam hoje a necessidade de reestruturação das empresas de media, enquanto o investigador Eduardo Cintra Torres criticou o processo de distribuição de apoios aos media.

A comunicação social “nunca será completamente independente se as empresas não forem saudáveis e autossustentáveis”, afirmou o presidente do Conselho de Administração do Observador, António Carrapatoso, no debate ‘online’ através do Facebook “Estado, Comunicação Social e apoios públicos”, Organizado pela Oficina da Liberdade, que decorreu esta noite.

António Carrapatoso apontou três razões “principais para a comunicação social não estar tão bem”, uma das quais tem a ver com “a promiscuidade entre o poder político e a comunicação social”, referindo-se, por exemplo, ao que designou de “jornalismo de recados”.

Depois, prosseguiu, “há a questão da regulação do mercado”.

Ou seja, “temos de escrutinar mais se há uma sã concorrência no mercado”, apontou, questionando ainda como “é que sobrevivem tanto tempo projetos que têm prejuízos anos após anos”.

Em terceiro, mas considerando ser a razão principal, “é a necessidade de as empresas se reestruturarem”.

O gestor referiu que muitas empresas de media foram “sobrevivendo”, mas “não se reestruturaram devidamente”.

Também Paulo Rego defendeu a reestruturação das empresas de comunicação social.

“É preciso pôr o foco no consumo, incentivar as pessoas a consumir” media, “mas também é preciso reestruturar as empresas”, afirmou o administrador da Global Media.

Sobre a compra antecipada de publicidade institucional pelo Estado, no montante de 15 milhões de euros, para ajudar os media na sequência do impacto da covid-19, Paulo Rego não se manifestou contra (o Observador e o ECO rejeitaram os apoios).

“Existe uma crise conjuntural que afeta o país inteiro, o apoio do Estado é à economia”, sublinhou.

Ora, “se a questão é geral, porque é que os media se vão autoexcluir do problema geral”, disse Paulo Rego.

Para a jornalista Helena Garrido trata-se de medidas conjunturais – resultantes do impacto da pandemia de covid-19 -, pelo que “o setor dos media não deve ser descriminado nesse domínio”, uma vez que a redução significativa da publicidade “está relacionada com o grande confinamento”.

Por sua vez, o crítico e investigador Eduardo Cintra Torres recordou que a publicidade institucional existe “há 200 anos, não é uma coisa que nasceu” com a covid-19 e recordou que “no Orçamento Estado está uma verba para a publicidade do Estado, 20 milhões para este ano, e que estes 15 milhões correspondem a três trimestres de 2020, isto desde abril até dezembro”.

A compra antecipada de publicidade institucional “não parece coisa particularmente absurda, só que pôr isto em prática por gente que tem enviesamentos políticos, que é o Governo e que tem uma incompetência total para compreender como é que se processa a colocação de publicidade nos media, tinha de dar mau resultado, e deu”, salientou.

Os critérios “não estão nem no decreto-lei, nem na Resolução do Conselho de Ministros e, portanto, vai-se aplicar critérios e isso gera ainda mais opacidade”, criticou Eduardo Cintra Torres.

“Isto sem contar com a distribuição em concreto, em que vimos o que aconteceu com o Observador e que depois havia um erro” – [o Observador tinha direito a um apoio cerca de 70 mil euros acima do que foi publicado em Diário da República] -, apontou, salientando tratar-se de uma “coisa completamente absurda”, sendo que “tudo isto está mal e vai continuar mal”, questionando sobre quem irá controlar a aplicação desta medida.

“Acho que teria sido muito melhor medidas como baixar impostos para a comunicação social, para a compra dos media, para as assinaturas. Isso muito mais eficaz do que estas migalhas dos 15 milhões”, rematou Eduardo Cintra Torres.

António Carrapatoso lembrou que o Observador tinha feito uma proposta ao Governo em 23 de março e reiterou que esta compra antecipada de publicidade institucional “está na fronteira para o subsídio”.

“Ainda agora pedimos, apesar de termos declinado, os critérios como calcularam” a distribuição dos apoios pelos órgãos de comunicação social, salientou Carrapatoso.

Também para Nuno Gouveia, consultor de comunicação e um dos participantes do debate, o resultado deste apoio aos media “é tudo menos claro”, partilhando da ideia do presidente do Observador de ser “muito próximo de um subsídio”.

“Tinha de ser mais transparente para não haver dúvida”, salientou.

Eduardo Cintra Torres apontou ainda que a distribuição dos apoios é “resultante de incompetência total” e considerou tratar-se de uma “distribuição política”, o que “se vê pelos números”.

Paulo Rego considerou que “uma empresa de media não recusa publicidade, pode é discutir os critérios”.

“Temos que rever os nossos modelos empresariais, a nossa relação com públicos”, referiu o gestor.

A crise dos media em Portugal não “é um problema específico português”, sublinhou Helena Garrido e admitiu que, tendo o setor características “de bem público”, possa ser “necessário existir mais setor público nos meios de comunicação social” que hoje existem.

“Acho que se faz muito bom jornalismo em Portugal” e que as empresas do setor têm “batalhado muito e inovado bastante, mesmo aquelas que trazem a mochila do mundo analógico”, concluiu Helena Garrido.

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