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Conferência Ministerial do Fórum Macau deve ser adiada

O adiamento, sine die, da reunião ordinária anual do Secretariado Permanente do Fórum Macau prevista para esta semana (dias 03 e 04) pode ser interpretado como um primeiro passo para o cancelamento da VI Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de Língua Portuguesa, prevista para os dias 29 e 30 de junho, em Macau. 

A ideia do adiamento foi transversal e perpassou por quase todas as conversas do PLATAFORMA com fontes ligadas ao Fórum: “Todos os constrangimentos causados pelo novo coronavírus a nível global apontam para um mais do que provável adiamento da reunião de junho”. Mas, oficialmente nada mudou.

A data da Conferência Ministerial contínua de pé. E, da parte do Governo de Macau, as tarefas de preparação logística do evento, que junta habitualmente os chefes de Governo da maioria dos nove Estados membros do Fórum, continuam em marcha. As únicas condicionantes decorrem das limitações impostas na cidade pela epidemia de coronavírus, causadora da Covid-19.

Prova disso é a resposta enviada ao PLATAFORMA pela assessoria de imprensa do Fórum: “Da nossa parte não recebemos indicações que existe plano para cancelar ou adiar a Conferencia Ministerial. No caso de haver essas instruções, iremos informar a comunicação social atempadamente”.

Mas, as fontes do Fórum contactadas pelo jornal, embora cautelosas – salvaguardaram sempre que a última palavra quanto a um adiamento compete a Pequim – lá foram dizendo: “tudo indica que a Conferência de junho vai ser adiada”.

Como argumento para esta opinião, lembraram que a reunião ordinária anual do Secretariado do Fórum, agendada para segunda-feira e terça-feira desta semana em Macau, foi adiada, sem estar fixada uma nova data.

“A reunião anual é uma etapa essencial para as atividades do Fórum. É nela que embaixadores, delegados e Pontos Focais (as agências de investimento de cada um dos respetivos Estados) aprovam o relatório de atividades do ano anterior e aprovam o plano de atividades para o ano em curso”, lembrou uma das fontes.

E acrescentou: “Neste momento, o que é verdade é que o Fórum está sem plano de atividades para este ano. Ora, um dos temas que seria abordado na reunião ordinária anual seria, seguramente a Conferência Ministerial. Sabemos que a decisão final quanto à realização da Conferência depende de Pequim, mas acredito que há uma forte probabilidade de adiamento”.

Outra das fontes lembrou, todavia, que “a data de junho não está irremediavelmente perdida”.

“Desde que a situação o permita, ainda é possível manter a Conferência. Obviamente que no contexto atual não se pode ter 100 por cento de certeza de que vai mesmo acontecer. Não me parece é correto dizer que é impossível fazê-la. Mas admito que possa ser adiada. A própria disseminação da Covid-19 pode inviabilizar a presença de delegações de algum dos países membros em Macau. E tratando-se de uma Conferência ao mais alto nível, a ausência de um dos Estados poderá ser o suficiente para levar a um adiamento”, esclareceu.

Para outra das fontes contactadas pelo PLATAFORMA reforçou a ideia de “alguma paralisação” nas atividades do Fórum.

“No quadro atual, torna-se impossível promover atividades do Fórum durante este primeiro semestre do ano. Não há plano aprovado, logo as atividades estão suspensas. Ninguém deu ordens nesse sentido, mas o adiamento da reunião ordinária anual impossibilita que o Fórum desenvolva as ações habituais”, adiantou.

Para a fonte, a falta de um plano de atividades, aprovado pelo Secretariado Permanente do Fórum Macau “impede a realização, por exemplo, das habituais ações promocionais do organismo na China”.

“A prática tem-nos dito que as ações promocionais no interior da China são das atividades mais dinâmicas do Fórum. Todos ao anos os delegados do organismo deslocam-se em missão a diversas províncias chinesas para contactos e promoção dos respetivos países junto do tecido empresarial e industrial chinês. Sem plano aprovado para este ano, tudo isso está suspenso”, acentuou.

A VI Conferência ministerial do Fórum Macau, prevista inicialmente para o último trimestre de 2019 acabou por ser adiada para meados de 2020.

A decisão de adiamento foi tomada em outubro de 2018 pela comissão para o desenvolvimento da plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa, “para não coincidir com eventos de alto nível, como a eleição para o cargo do chefe do Executivo” [eleito a 25 de gosto de 2019 e empossado a 20 de dezembro último].

Além da eleição e posse de Ho Iat Seng, para o final de 2019 (20 de dezembro) estavam agendadas as cerimónias comemorativas dos 20 anos da transferência do exercício da soberania de Macau de Portugal para a República Popular da China, a 20 de dezembro, evento que trouxe ao território o presidente Xi Jinping.

O Fórum Macau, criado em 2003 por Pequim, reúne-se a nível ministerial a cada três anos, tendo o último encontro decorrido em outubro de 2016. 

Segurança veta novas instalações 

Os serviços de segurança chineses vetaram as novas instalações do Fórum Macau, junto aos Lagos Nam Van, como palco para acolher a VI Conferência Ministerial da organização, disse ao PLATAFORMA fonte ligada à instituição. Acrescentou que os trabalhos vão decorrer no Macau Domo, espaço que recebeu a 5.ª Conferência, em 2016.

António Bilrero 06.03.2020

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