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Fábio Py Murta de Almeida * – JIHADISMO ESPALHA O MEDO PELA FRANÇA

 

O fanatismo é um monstro que finge ser filho da religião” (Voltaire)

 

Salpicam desde o fim do século passado um aprofundamento das religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo e islamismo). Ele que canaliza a tendência de luta pelos “fundamentos da fé”, ou melhor, de uma tentativa de retorno bélico ao mais puro da fé. Sua batalha se dá, sobretudo contra a modernidade capitalista, e vez ou outra, contra países ou pessoas. Entre os cristãos, os primeiros a processar esse ‘instinto’ foram os protestantes americanos (formados por batistas e presbiterianos) que publicaram entre 1910-1915 doze panfletos intitulados The Fundamentals (“Os Fundamentais”). Tinha interesse de identificar a parte mais íntegra da doutrina cristã. Entre o judaísmo se espalharam sobre o nome do “verdadeiros judeus da Torah”, buscando com extremo rigor a observação da “Lei Revelada”, entre os expoentes estão nomes de Isaac Breuer, quando buscava sacralizar a sociedade judaica.

 

TENSÃO

 

Entre os muçulmanos cada dia mais ganham complexidade sua tendência fundamentalista de tensão com o Ocidente. Mesmo sendo um fenômeno histórico posterior no Islã, eles vinham se desenvolvendo entre os segmentos xiitas (muçulmanos seguidores do Al Corão – uma tendência minoritária no islamismo). Contudo, mais recentemente vem sendo reconfigurado, e entre a tendência majoritária, isto é, os sunitas (aqueles que seguem o Al Corão e o Suna como livros sagrados) cada vez mais vêm aderindo ao fundamentalismo belicoso. Nesse caso, uma das ramificações mais recentes é o grupo chamado de Estado Islâmico (EI), o qual vem promovendo uma série de ações violentas. Por isso são chamados de jihadistas, pois nutrem uma compreensão de mundo que acreditam estar numa “guerra santa” (jihad que pode significar “empenho”, “esforço”) contra os infiéis e/ou inimigos do Islã. Assumem com isso que seu dever é de defender o Islã contra qualquer manifestação contrária ou zombaria. Portando, o EI é um grupo criado pelo sentimento de luta pelos fundamentos da fé tendo como método a promoção da luta armada. Acham-se “obrigados” a ocasionar a morte dos importantes jornalistas da revista “Charlie Hebdo”, pois já em 2006 publicaram caricaturas zombando de Maomé. Imaginativamente pensam estar soltos entre as trincheiras urbanas de uma guerra generalizada contra a modernidade e os inimigos de Alá

 

CALIFADO

 

O grupo é liderado por Abu Bakr al-Baghdadi e ocupa parte do Iraque e da Síria. Em julho de 2014, anunciou al-Baghdadi califa, levando-o a ocupar a liderança política e espiritual de todos dos muçulmanos. O atentado que pode ter tido como estopim o último tuíte do jornal, uma caricatura do califa al-Baghdadi. Seus membros são de maioria árabe, contudo, existem muitos estrangeiros – 2.500 tunisianos, 100 estadunidenses, 500 britânicos e cerca de 2.000 europeus. Nos primórdios eram aliados da Al-Qaeda mas, mais recentemente, entraram em combate com segmentos da própria Al-Qaeda na Síria. Seus recursos vêm do dinheiro do petróleo de poços que controlam e dos impostos que recebem dos seus territórios. Um diferencial tétrico de seu método de jihad (desde 2012) seria que filmam e colocam nas redes sociais suas decapitações e mortes, além de ressuscitarem a crucificação como punição aos “inimigos”. Ou seja, mesmo negando fervorosamente a modernidade, a utilizam, sendo uma atualização violenta de tanto medo da complexidade monoteísta.

 

*Caros Amigos/Brasil

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