Início » Presidente Xi com liderança reforçada depois de “Duas Sessões”

Presidente Xi com liderança reforçada depois de “Duas Sessões”

Sessões anuais da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês terminam sem grandes anúncios, mas com a liderança de Xi a sair reforçada

Nelson Moura

A Assembleia Popular da China encerrou a sua sessão anual esta semana, sem discurso por parte do Presidente Xi, mas com a sua presença a sentir-se.

Segundo o relatório de trabalho do Governo entregue pelo primeiro-ministro Li Qiang, o crédito pelas conquistas da China em 2023 deve-se à “sólida orientação do Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era”.

Dos sete pontos na agenda das reuniões, apenas um dizia respeito a legislação. Cerca de 99 por cento dos delegados votaram na aprovação de uma alteração à lei orgânica do Conselho de Estado, que rege o funcionamento do Executivo. O órgão será obrigado a “defender a liderança do Partido Comunista da China”, bem como a seguir o Pensamento de Xi Jinping, reconhecendo a autoridade do Comité Central do PCC.

Em 2018, a APN votou para alterar a Constituição, acrescentando uma cláusula que reforçou a liderança do PCC e removendo uma que estabelecia que o presidente e o vice-presidente “não servirão mais do que dois mandatos consecutivos”. A última alteração abriu caminho para que Xi assumisse um terceiro mandato como Presidente, no ano passado.

A reunião anual acabou também por não registar nomeações para cargos no Conselho de Estado, sem colocação oficial há meses. O ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, foi abruptamente destituído do cargo em julho, seguido pelo ministro da Defesa, Li Shangfu, meses depois, também sem explicação. Ambos não foram vistos em público e foram substituídos nos ministérios, mas não no Conselho de Estado.

Li Qiang não fala à imprensa

Uma das maiores alterações do evento acabou por ser a não realização da habitual conferência de imprensa com o primeiro-ministro.

A conferência de imprensa ocorreu praticamente interrompida desde 1988, mas este ano foi anunciado que o número dois do PCC, geralmente responsável pelos assuntos económicos do país, não iria comparecer.

A sessão oferecia aos meios de comunicação estrangeiros e ao público chinês uma rara oportunidade de obter informações em primeira mão sobre o pensamento daquele que é o segundo no comando.

A responsabilidade de falar à imprensa estrangeira acabou por cair principalmente ao ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, que respondeu a mais de 20 perguntas sobre questões globais que foram desde Taiwan, Ucrânia e Gaza, à relação com os Estados Unidos.

O responsável alertou que um conflito entre a China e os EUA teria “consequências inimagináveis” e que, apesar de as relações terem melhorado desde a reunião entre o Presidente chinês e o seu homólogo americano, Joe Biden, no ano passado, ainda existem “perceções erradas” em Washington sobre a China.

Por outro lado, apelou a um cessar-fogo imediato em Gaza e que a China apoiaria a adesão “plena” da Palestina às Nações Unidas.

No que toca ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, Wang disse que a parceria com Moscovo tem avançado e é de “alto nível”, mas ressalvou que o país tem uma posição objetiva e imparcial e que apoia a ideia de realizar uma conferência de paz entre Moscovo e Kiev. “Quanto mais cedo as negociações começarem, mais cedo chegará a paz”, afirmou Wang.

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!