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Cidade do espetáculo

Guilherme Rego*

O concerto de K-Pop no Estádio da Taipa atraiu cerca de 40.000 espetadores. Os organizadores, já cientes do incómodo que estavam a causar durante os ensaios aos residentes, pediam compreensão e apoio à construção da “Cidade do Espetáculo” em Macau. Enquanto os organizadores e restaurantes nas proximidades tiveram um fim de semana em grande; por parte dos residentes houve uma chuva de críticas – e com razão.

Não foram apenas os concertos do fim de semana; foi uma semana inteira de ensaios, sem qualquer controlo do barulho e do empecilho criado aos residentes. O Estádio da Taipa não está preparado para ser mais do que o que é – um campo de futebol – e mesmo aí tem muito a melhorar. Apoio qualquer iniciativa que torne a infraestrutura num projeto sustentável e que beneficie a população, a economia, e a imagem de Macau, mas o Estádio não pode acomodar eventos deste tipo (para já), porque o barulho é ensurdecedor para centenas, senão milhares de residentes nas proximidades.

Mais, não se entende o propositado difícil acesso (tanto na entrada como na saída do Estádio), através do cessamento do Metro Ligeiro, de algumas paragens de autocarro mais próximas e até parques de estacionamento. Os transportes servem precisamente para facilitar a mobilidade. Fechar o Metro Ligeiro é preocupante; mostra que não tem qualquer capacidade de dar apoio a esta e a outras iniciativas que mobilizem um grande volume de pessoas.

O concerto mostra o empenho de Macau em tornar-se numa “Cidade do Espetáculo”. Uma que, por sinal, não se deve cingir à capacidade das concessionárias. Há mais opções sem ser o Estádio, existe a Nave Desportiva, longe de uma zona residencial, e também o próprio Jockey Clube, que agora aguarda nova função.

Às autoridades e organizadores, o PLATAFORMA apoia uma cidade com vida fora dos casinos, mas a moeda de troca não pode ser o bem-estar da população. Naturalmente, há percalços num caminho que se faz à velocidade da luz, e isso compreende-se. É aprender com os erros e comunicar com a população de forma transparente. Sem responsabilização e sem admitir o que correu mal, esse caminho torna-se mais difícil.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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