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Detenção de Bobo já causa estragos no Hou Kong Daily

Um dos maiores jornais de Macau despediu vários funcionários até final de outubro. A empresária Bobo Ng, que era acionista do Hou Kong Daily, continua em prisão preventiva por suspeita de fraude financeira, depois de o seu recurso ter sido indeferido

Fontes contactadas pelo nosso jornal dizem que no final de outubro o Hou Kong Daily despediu seis jornalistas, ficando agora apenas com dois jornalistas e dois designers gráficos para manter os serviços editoriais mínimos. Ex-funcionários dizem que após a entrada da Bobo Ng no jornal, houve 6 a 7 despedimentos em agosto deste ano, a grande maioria na área administrativa e financeira. Nessa altura, contudo, tratavam-se de “substituições” por pessoal de “confiança” da empresária. “Foram substituídos por um grupo de funcionários nomeados pela Bobo. Estes novos funcionários não foram afetados por esta nova ronda de despedimentos [em outubro]”, diz uma das fontes.

Já o subchefe da redação do Hou Kong Daily, Xu Xu, diz ao nosso jornal que estes últimos despedimentos se devem ao facto da sua edição impressa, outrora com 16 páginas, ter passado para 4 páginas. Por essa razão, não têm necessidade de uma equipa tão grande. O jornal diz ainda que informou o Gabinete de Comunicação Social (GCS) acerca da redução de páginas. Ao PLATAFORMA, o GCS assegurou que o Hou Kong Daily notificou no fim de outubro que iria alterar o seu formato original a partir de 1 novembro, conforme estabelece o Art.15º da Lei de Imprensa. Naturalmente, o emagrecimento da equipa já tem consequências na operação editorial. Segundo o que foi possível apurar, o website do jornal continua a ser atualizado diariamente. Mas o mesmo não acontece com as suas redes sociais, com a última publicação a datar de 29 de outubro.

Negociações tensas

Um dos ex-funcionários, despedido no final de outubro, avança que “o aviso de despedimento exigia que os trabalhadores saíssem com efeito imediato”. Por outro lado, diz que as negociações não foram justas: o jornal perguntou a um dos funcionários se era possível sair sem compensação e os cálculos das compensações não estavam de acordo com a lei. Só depois de os trabalhadores pedirem esclarecimentos à Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) é que foi possível chegar a um consenso entre as partes. “No final, só depois de duas ou três rondas negociais é que se dispuseram a devolver o valor deduzido”.

Ao nosso jornal, Xu Xu refuta um número grande despedimentos, embora admita que tenha havido saídas depois da detenção de Bobo Ng. Sublinha também que não houve despedimentos sem justa causa ou por falta de pagamento de salário, defendendo que foram cumpridos na íntegra os procedimentos previstos na lei.

O PLATAFORMA perguntou à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) se recebeu quaisquer queixas por parte de funcionários ou antigos funcionários do jornal, e a resposta foi não. “[A DSAL] está atenta à situação laboral e ainda não recebeu quaisquer reclamações dos colaboradores da empresa. A fim de proteger os direitos e interesses trabalhistas, se os funcionários acreditarem que seus direitos e interesses trabalhistas foram prejudicados (…) fará o acompanhamento e tratará o assunto de acordo com a lei para proteger os direitos legítimos dos funcionários”.

Empresa passou para o filho

Bobo foi detida em setembro, no âmbito de uma série de casos de fraude financeira. No entanto, o nosso jornal confirmou que antes da sua detenção, a 28 de agosto deste ano, Bobo Ng transferiu as suas ações da empresa-mãe do Hou Kong Daily, a Publicação Novo Hou Kong Group Lda., para o seu filho, Ng Si Leng.

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