“Mass e junket são conceitos separados e desiguais, mas que acontecem dentro do mesmo espaço pertencendo ao mesmo tempo. Quis representar essa separação, essa antagónica relação de coisas opostas, mas que se pertencem, e levantar questões”, indicou Marreiros.
O termo “junket” é usado pela indústria de casinos para se referir a um promotor e angariador de apostadores para salas de jogo VIP em casinos, com o jogo de massas a referir-se aos apostadores comuns. O setor junket chegou a representar a maioria do volume de apostas na cidade, no entanto, depois da detenção dos líderes das duas principais companhias junkets da cidade no ano passado, a Suncity e a Tak Chun, esta indústria especifica entrou em declínio.
“Com a extinção destas salas VIP, criou-se um novo preâmbulo no desenvolvimento desta cidade, é certo que estas salas serão demolidas e passarão a ser uma memória remota no tempo de Macau, e que nesta mostra pretendi reinterpretar assinalando um determinado momento que terá reflexos na cidade, ao mesmo tempo, é uma reflexão do tempo em que vivo em Macau e um questionar de como se construirá abrindo-se para as massas”, apontou o arquitecto.
O autor considerou que na sua exibição o conceito de “massa” é uma representação das intenções das autoridades da cidade em se querer distanciar da indústria do jogo. No entanto, apesar dessa ligação com os casinos da cidade, o autor descreve o tema da exposição como o “tempo, resgatando um passado recente e questionando um futuro próximo”.
“Esta exposição também é uma homenagem às massas – não as de conveniência é bom salvaguardar, não as de modas ou de tendências, mas aquelas que serão porventura invisíveis, anónimas que geram e participam da sua própria cultura numa complexidade global,” destacou.
A exposição ficará em exibição no Albergue SCM até 10 de dezembro deste ano, e inclui 30 peças dispostas em 11 conjuntos.