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Governo de Macau manifesta “supresa e choque” por declarações da Malásia no caso 1MDB

Lusa

O Governo de Macau manifestou “surpresa e choque” por a Malásia não ter recorrido aos mecanismos de cooperação policial internacional no caso de um cidadão malaio suspeito de crimes alegadamente presente na região administrativa especial chinesa.

Numa resposta escrita à estação de televisão do Qatar Al Jazeera, a comissão anticorrupção malaia (MACC, na sigla em inglês) disse “acreditar que os indivíduos procurados pelo caso 1MDB, especialmente Jho Low, estão escondidos em Macau”.

“Caso seja verdade o que foi dito na reportagem, as autoridades da segurança não podem deixar de manifestar a sua surpresa e choque, já que em lugar de recorrer à cooperação policial internacional, ou ao auxílio judiciário internacional em matéria penal, para investigar e verificar a situação e pedir auxílio, o respetivo organismo de execução da lei divulgou, unilateralmente, notícias não confirmadas, contrariando as regras e as práticas no âmbito da cooperação policial internacional e de auxílio judiciário internacional em matéria penal”, de acordo com um comunicado, publicado na terça-feira, pelo gabinete do secretário da Segurança de Macau sobre notícias publicadas na imprensa de Macau.

O gabinete de Wong Sio Chak indicou que “a situação mantém-se inalterada”, tal como numa resposta dada em 30 de julho de 2020, na qual negava que o financeiro malaio Jho Low, em fuga e procurado pelas autoridades da Malásia e dos Estados Unidos, estivesse no território.

“A polícia da Malásia, contrariando as regras e as práticas no âmbito de cooperação policial internacional, divulgou unilateralmente que Lao XX [Low Taek Jho] se encontra em Macau, informação que não corresponde à verdade”, indicou, na altura, em comunicado.

Em 2018, as autoridades policiais malaias tinham pedido informações sobre Jho Low ao subgabinete de Macau da Polícia Judiciária do gabinete chinês da Interpol, tendo sido dada uma “resposta clara de que o referido indivíduo não se encontrava” na região administrativa especial chinesa.

Entre 2018 e 2020, a polícia da Malásia “não efetuou qualquer comunicação para as autoridades de Macau, nem formulou qualquer pedido”, acrescentou.

No comunicado desta terça-feira, o gabinete de Wong Sio Chak voltou a salientar que, “considerando que o caso se relaciona com uma pessoa concreta, a Polícia de Macau não pode, nos termos da lei, divulgar quaisquer informações, sendo essa uma perseverança de Macau, enquanto cidade internacional e enquanto sociedade de Estado de Direito”.

E acrescentou que “a Polícia de Macau cumpre sempre a lei e os demais procedimentos, obedecendo às respetivas práticas internacionais para desenvolver a cooperação policial com todos os países e regiões”.

Consultor do fundo estatal da Malásia 1 Malaysia Developmente Bank (1MDB), Low Taek Jho, também conhecido como Jho Low, é acusado nos dois países de suborno e branqueamento de capitais.

Na sequência de um acordo com as autoridades norte-americanas, Low e a família concordaram em entregar mais de 700 milhões de dólares (638 milhões de euros) em ativos e, até o momento, os EUA ajudaram a Malásia a recuperar mais de 600 milhões de dólares (547 milhões de euros), segundo o Departamento de Justiça norte-americano.

O fundo 1MDB foi criado em 2009 para promover o desenvolvimento económico no país, pelo então primeiro-ministro Najib Razak (2009-2018), condenado a 12 anos de prisão.

Razak afirmou sempre ser inocente e garantiu ter sido enganado por Jho Low, mas o tribunal considerou provada a ligação entre os dois, sendo o segundo tido como estratega do plano de corrupção.

O esquema de corrupção do 1MDB surgiu em 2015, quando uma investigação jornalística expôs o desvio de vários milhões de dólares do fundo estatal para as contas privadas de Najib Razak.

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