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Circulação de Macau restringida na China

Viviana Chan

Apesar de bem recebida, a nova política de circulação de veículos particulares de Macau no Interior da China está a criar dores de cabeça a proprietários de veículos. Condutores e deputados pedem melhor coordenação entre as políticas de circulação já existentes

A nova política de circulação de veículos particulares de Macau no interior da China entrou em vigor a 1 de janeiro deste ano, com o propósito de promover a integração entre Macau e Guangdong a nível de trânsito. A política “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong” marcou o fim do sistema “duas matrículas”, que funcionava há décadas.

Antigamente, para circular no interior da China, a única opção envolvia pedir “duas matrículas”, com os veículos de Macau a ter de satisfazer determinados requisitos para obter uma matrícula do interior da China.

Porém, de acordo com alguns condutores, apesar da nova política ser vista como um passo em frente, acaba por também causar mais limitações à livre circulação de veículos entre Macau e o interior da China.

Ao PLATAFORMA, o vogal do Conselho Consultivo do Trânsito, Ben Leng, lamenta a falta de coerência entre as políticas de “veículos de duas matrículas” e “veículo de matrícula única” para circular em Hengqin e o esquema mais recente de circulação na província de Guangdong.

De acordo com o vogal, as autoridades não permitem que os veículos de matrícula única de Hengqin se juntem à política de circulação de veículos de Macau na província vizinha.

Além disso, atualmente, os veículos de matrícula única de Hengqin só podem entrar e sair através do Posto Fronteiriço de Hengqin, enquanto os veículos do esquema de circulação de veículos de Macau em Guangdong só podem entrar e sair através da Ponte do Delta.

“Os beneficiários destas políticas sentem-se muitos incomodados, pois as suas deslocações ficaram muito restringidas”, aponta Leng.

O vogal considera também que o novo plano de circulação não deve fazer “grande diferença no curto prazo”. “Não vejo grande dinamismo nessa política, porque as pessoas com necessidade de deslocar-se ao interior da China já aderiram aos esquemas lançados anteriormente”, refere.

O início da política de “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong” foi anunciada em meados de dezembro e, até dia 15 de janeiro deste ano, o sistema de administração dos dados de “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong” registou 21.036 inscrições.

Ao mesmo tempo, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) prevê que cerca de 80 mil veículos de Macau cumpram os requisitos para requerer esta licença.

Porém, Ben Leng diz ao PLATAFORMA ter estimado que menos de metade dos proprietários dos veículos particulares têm carta para conduzir no interior da China.

Por isso, mesmo com luz verde para circular na província de Guangdong, sem o reconhecimento mútuo de carta de condução entre Macau e o interior da China, salienta que a política não deve obter o efeito desejado pelas autoridades.

ESCOLHAS DIFÍCEIS

O deputado da Assembleia Legislativa de Macau, Ron Lam U Tou, observa que é uma política há muito esperada pelos residentes, pois oferece mais uma opção para as deslocações.

Mas destaca uma “falta de coerência” entre os mecanismos existentes para que veículos circulem no interior da China, atribuída a uma “má comunicação” entre os diferentes serviços.

“A explicação das autoridades foi que tanto a política de matrícula única em Hengqin como de circulação em Guangdong exigem o pedido de uma licença provisória da China e não é possível pedir uma licença provisória duas vezes, por isso, os proprietários têm que cancelar uma para pedir outra”, diz.

Nesse contexto, o deputado sugere que as autoridades criem condições para que veículos de matrícula única de Hengqin façam parte do esquema de circulação de veículos particulares de Macau no interior da China.

De acordo com o jornal Macao Daily News, o delegado da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês de Macau na província Guangdong, Lee Koi Ian, levantou os mesmos problemas, avisando que por agora o efeito das medidas implementadas tem sido o contrário do desejado.

O responsável sugeriu que Guangdong deve unificar as atuais políticas e “fundir” os diferentes esquemas.

PROBLEMA DE EFICÁCIA

Ben Leng, que é também o presidente da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, indica que o trânsito de Macau está saturado e que a situação atual tem de ser alterada. Na sua observação, a nova política de circulação de veículos particulares de Macau no interior da China pode aliviar o trânsito em Macau a longo prazo, mas a passagem nos postos fronteiriços pode ser outro problema.

“Entende-se que o seu propósito é desviar o tráfego e evitar a ocorrência de pressão excessiva noutros pontos de controlo”, diz.cc

No entanto, este esquema pode causar alguns inconvenientes aos residentes já que a complexidade na passagem do posto fronteiriço pode causar filas longas e demasiado tempo de espera. “Apesar de ter um aumento no número de postos fronteiriços, não vejo um elevar da eficácia na passagem dos veículos na fronteira”.

Atualmente, as autoridades de tráfego estabelecem uma quota de inscrição para requerer a entrada no interior da China: 100 inscrições diárias para o primeiro mês e 200 inscrições diárias do segundo ao sexto mês. Ao mesmo tempo, a quota para marcação prévia de entrada na província de Guangdong: cerca de 600 quotas para a primeira semana, cerca de 4200 quotas para a segunda semana. O número de quotas será também gradualmente aumentado, com mais 2000 quotas acrescentadas por dia nos próximos três meses.

No entanto, este esquema pode causar alguns inconvenientes aos residentes já que a complexidade na passagem do posto fronteiriço pode causar filas longas e demasiado tempo de espera. “Apesar de ter um aumento no número de postos fronteiriços, não vejo um elevar da eficácia na passagem dos veículos na fronteira”.

Atualmente, as autoridades de tráfego estabelecem uma quota de inscrição para requerer a entrada no interior da China: 100 inscrições diárias para o primeiro mês e 200 inscrições diárias do segundo ao sexto mês. Ao mesmo tempo, a quota para marcação prévia de entrada na província de Guangdong: cerca de 600 quotas para a primeira semana, cerca de 4200 quotas para a segunda semana. O número de quotas será também gradualmente aumentado, com mais 2000 quotas acrescentadas por dia nos próximos três meses.

Já em agosto do ano passado, Raimundo do Rosário afirmou que o reconhecimento mútuo de carta não ia ser implementado em conjunto com a política da circulação no interior de veículos de Macau.

Por sua vez, Ron Lam mostra-se preocupado quanto ao impacto no trânsito local, considerando que a política da circulação no Continente de veículos de Macau e o reconhecimento mútuo de carta de condução trazem efeitos muito diferentes.

Em declarações ao PLATAFORMA, o deputado lembra que o reconhecimento mútuo de carta sempre foi polémico em Macau.

“Muitas pessoas temem que hajam turistas a conduzir no território, mas isso não é nada preocupante, porque provavelmente os grupos de turistas não precisam de alugar um carro em Macau, pois os transportes públicos são suficientes”, aponta.

“Há em Macau cerca de 106 mil trabalhadores não residentes e 27 mil estudantes do ensino superior do Interior da China. Esse grupo de pessoas tem necessidades de deslocação diária em Macau, sendo o grupo que beneficiaria mais de ter a carta de condução reconhecida”, explica. No entanto, o membro da Assembleia Legislativa aponta o dedo ao Governo, por não ter feito nada para resolver uma polémica que dura há vários anos.

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