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Macau tem de ouvir a mensagem

Paulo RegoPaulo Rego*

É preciso ler bem as mensagens do Congresso do PCC, diz Ho Iat Seng. Concordo. Temo é que, ao dia de hoje, tenhamos leituras diferentes.

A mensagem fala em aprofundamento da autonomia, recuperação económica e atração do investimento estrangeiro. Para já, parece não ser ouvida na Praia Grande. Mas tem de ser. Dava muito jeito saber o que somos – e queremos ser. É essa a base para entender o que se pode fazer.

Há limites: muitos deles endémicos, encrustados num tecido social mal preparado, e numa economia rentista viciada no jogo. Há outros limites, mal entendidos, na lógica que vem do Norte. Mas há uma certeza: se não há nada na Terra; e tudo cai do Céu aos trambolhões, vai correr mal.

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Pequim diz: “Aprofundar a autonomia” de Macau e de Hong Kong; mas também ajudar a resolver os “profundos problemas” que enfrentam; sobretudo “económicos” e “sociais”.

Isso quer dizer muita coisa… certamente não diz estar parado à espera que o vento sopre. Já está a soprar. Agora… se não há ideias; resta o plano que vem de longe; se não há propostas, nem capacidade negocial, vai haver ordens; se não há sequer ambição, então não há nada… Patriotismo não é igual a paralisia mais bom comportamento. E não resolve nada.

A cidade internacional que Pequim pede implica um pacote básico, com cinco pilares: ensino de qualidade, sistema de saúde sofisticado; tribunais credíveis, sensação de segurança, e sensação de liberdade. Mas não é essa a perceção em curso – se é que há algo em curso.

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Macau dá passos atrás; em vez de os dar para a frente. Pela face da Região; pelo seu papel na Grande Baía; pela sedução que lhe cabe projetar na Lusofonia, pelo respeito que quer ter em Pequim.

Promover a dúvida em quem cá está – chineses, portugueses, e todos os outros – recusar a diferença em vez de a promover; afastar em vez de atrair, é tudo menos vender o futuro. Pequim deu esta semana sinais de que vai aliviar as regras da pandemia, e instruções a todas as províncias para que facilitem e promovam a entrada de capital e de know-how estrangeiro.

É bom que Macau ouça.

Diz o ditado chinês que o tigre só caça quando o vento sopra de feição. Mas para cheirar o vento não se pode estar a dormir. A caça está lançada. E os tigres aqui ao lado não estão a dormir.

*Diretor-Geral do PLATAFORMA

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