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Congresso bilingue

Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego

Não há dúvidas que o 20º Congresso conferiu a Xi Jinping um estatuto especial. Aos 69 anos, avança para um terceiro mandato e há quem diga que, dadas as suas escolhas para o Comité Permanente, estará já a pensar no quarto.

Esperavam-se mudanças estruturais, até porque vários líderes estavam na “idade de reforma”. Contudo, ninguém previa que a mudança fosse tão longe.

Alguns dos chamados “opositores” a Xi foram retirados do tabuleiro do Politburo, dando o seu lugar a figuras mais próximas do líder. Entre eles, Li Qiang, apontado como o próximo primeiro-ministro, apesar de não ter cumprido todos os passos tradicionalmente percorridos para se atingir o cargo.

Este homem-forte de Xi está inequivocamente ligado ao descontrolo pandémico em Xangai, que começou em fevereiro e se estendeu por mais de dois meses. A Ocidente, interpreta-se esta promoção de forma redutora, a preto e branco. Deduz-se que Li Qiang traduz a insistência numa política de Covid-19 rígida, com sucessivos confinamentos.

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A Oriente, percebe-se melhor a estratégia: Li destaca-se no campo do desenvolvimento industrial, novas tecnologias e economia digital.

E, no Politburo, não está sozinho: pelo menos mais cinco personalidades têm esse currículo. Quer isto dizer que a China pretende reforçar a sua aposta nas novas tecnologias para impulsionar a economia.

Obviamente, atravessam-se tempos conturbados, não só na China como em todo o mundo. A razão pela qual este Congresso é tão mediático tem a ver com a influência que a China tem – e tem de ter – na retoma económica e nos equilíbrios da geoestratégia global.

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Neste último campo, as mensagens são diferentes: a promoção de figuras como Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros, particularmente focado no conflito com os Estados Unidos; ou a manutenção de um general de 72 anos de idade, Zhang Youxia, responsável pelos exercícios militares no Estreito de Taiwan, mostra o compromisso com a fação mais nacionalista do PCC.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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