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No primeiro dia do confinamento imposto pela pandemia em Paris, um vulto alaranjado solitário pega uma escada rolante que leva ao nada. Semanas depois, uma caveira espera o tempo passar num hospital de Bordeaux para saber se vai viver ou morrer. Do outro lado do oceano, um homem enrolado num cobertor come uma marmita numa rua no centro de São Paulo.
Seus corpos são quentes, emitem luz, mas nenhum têm fisionomia ou traço físico discernível —são fantasmas num mundo amedrontado por um vírus.
Munido de uma câmera térmica, nos últimos dois anos o fotógrafo francês Antoine D’Agata registrou o drama da pandemia em hospitais franceses e cariocas, além de ruas do centro de São Paulo. Suas imagens não se parecem com fotos documentais, dado que o aparato que usou, um pequeno aparelho acoplado a um iPhone, não capta imagens definidas, mas sim os contrastes entre as áreas de calor.
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