A prefeitura de Ngari, no Tibete, com uma altitude média de 4.500 metros, é conhecida como o “teto do mundo”. Durante muito tempo a região sofreu com a escassa oferta de verduras, levando a que a dieta dos locais fosse maioritariamente à base de carne e leite, com altos níveis de gordura e proteína animal. Devido ao baixo consumo de vegetais, sofriam de um desequilíbrio nutricional. O Governo está agora a desenvolver formas de cultivar vegetais e construir “oásis” no planalto para garantir o consumo de verduras pela população.
Durante o mês de maio, em Changtang, a 4.500 metros de altitude, Yang Jin, de 33 anos, trabalha numa estufa no concelho de Gerze, Ngari.
“Este é um lugar frio e seco, com mais de 100 dias ventosos por ano. É difícil plantar árvores, quanto mais vegetais”, explica Yang Jin. “No passado era raro cultivar vegetais localmente, vinham todos de fora. Havia pouca variedade e tudo muito caro, fazendo com que raramente consumisse verduras”, lembra.
Ao longo dos últimos anos, graças ao desenvolvimento da indústria agrícola local, foi possível promover o cultivo especializado e alargado de vegetais. Com as principais bases de cultivo nos concelhos de Gar e Burang, através de estratégias de marketing, criação de vários projetos, apoio financeiro e desenvolvimento de serviços especializados, será financiada a criação de estufas altamente eficientes e a produção intensiva de vegetais. Será ainda promovido o cultivo de novos produtos, com novas tecnologias e uma produção normalizada e intensiva, desenvolvendo constantemente a capacidade de oferta de vegetais na região. O Governo local também tem organizado ações de formação e atividades sobre produção agrícola por especialistas, contribuindo para a qualidade da produção local.
Durante o ano de 2020, foi cultivada uma área total de 173 hectares na região de Ngari, com um total de produção de vegetais a ultrapassar as 5.300 toneladas. Estes números representam um aumento anual de 680 toneladas. Agricultores e pastores são também encorajados a construir pequenas estufas nos respetivos quintais, cultivando couves e rábanos e contribuindo para a produção autossuficiente da região.
Atualmente a mesa de Yang Jin é rica em rábanos, couves, pepinos, batatas, pimentos e rebentos de soja. “Agora comemos os vegetais que cultivamos e ainda consigo um rendimento mensal de 3000 RMB. Estou feliz, sem preocupações”, afirma Yang Jin.
“Para o desenvolvimento da produção de estufa na região, a prefeitura de Ngari enfrenta vários desafios, como o clima, financiamento e tecnologia, mas conseguiu criar um “oásis” de verduras, onde os vegetais crescem como milagre. Além da produção dos vegetais mais comuns, está também a ser promovido o cultivo de fungos locais e de algumas frutas como morangos”, explica Ciren Dunzhu, Chefe do Departamento de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Administração Agrícola de Ngari, assinalando que o cultivo desta variedade de colheitas na região é inédito.
Além da garantia de oferta de vegetais a nível local, a produção de fruta na região de Ngari também está a crescer. Mais de 20 variedades de frutos e vegetais foram apresentadas na região, como pitaia, maracujá e uvas, sendo esta a maior plantação deste tipo de frutos a esta altitude na China. Esta expansão da produção local tem enriquecido as despensas da população, e também explorado novas formas de produção a altitudes elevadas.