Nem a Covid-19 impediu este domingo milhares de pessoas de saírem à rua em várias cidades francesas, apesar de França ser por estes dias um dos países mais fustigados pela Pandemia. Tudo em defesa do direito à liberdade e à laicidade.
Samuel Paty é mais um nome que se junta às vitimas de um fanatismo que se sustenta na religião. Fanatismo que se traduz em atos de terrorismo – como lhe chamou o Presidente francês – que não param de surpreender pela sua violência extrema.
Samuel Paty (repito o nome para que não se esqueça), de 47 anos, ensinava História, Geografia e também o quanto vale a liberdade de expressão e opinião. Para isso ousou usar as imagens de Maomé. As mesmas que já tinham custado a vida a 12 pessoas no ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo.
O homem que alertou a polícia depois de presenciar o crime assumiu que no início nem acreditava. Pensou seriamente que o que tinha testemunhado não era real, admitindo que a figura que estava a ser decapitada fosse apenas um manequim. Rapidamente percebeu que a violência pode não ter limites.
Ensinar o valor da liberdade – de expressão, opinião, ou religiosa – pode por estes dias custar a vida
O professor, que abandonava a escola a caminho de casa, foi decapitado por um jovem tchetcheno, nascido em Moscovo e refugiado em França com a família. Um jovem com apenas 18 anos de vida. Uma vida interrompida pouco tempo depois quando ao ser mandado parar pela polícia…resistiu e foi abatido.
Nas tentativas em curso para explicar este crime a polícia já deteve, pelo menos 11 pessoas, entre elas familiares de alunos do professor decapitado.
Para os professores – disse uma colega de Samuel Paty – haverá um antes e um depois deste crime. E muitos deles pensarão com toda a certeza duas vezes antes de voltar a mostrar uma caricatura religiosa.
Ensinar o valor da liberdade – de expressão, opinião ou religiosa – pode, por estes dias, custar a vida.
Por isso vale a pena vir para a rua apesar da Pandemia, ou também por causa dela e das consequências que ela terá nas nossas vidas.