O Brasil registou, entre janeiro e agosto, um défice nominal nas contas públicas de 785,1 mil milhões de reais (119 mil milhões de euros), equivalente a 16,7% do PIB, enquanto a dívida continua em níveis recorde.
A informação foi transmitida na quarta-feira pelo Banco Central do Brasil, que indicou que o saldo negativo entre receitas e despesas do setor público brasileiro, incluindo Governos central, estaduais e municipais, empresas estatais e pagamento de juros da dívida, cresceu 179,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O défice triplicou em relação ao PIB, já que nos primeiros oito meses de 2019 era equivalente a 5,89% e agora subiu para 16,7% devido à queda acentuada da arrecadação de impostos e ao aumento do gasto público devido à pandemia do novo coronavírus.
O défice público em agosto foi de 121,8 mil milhões de reais (18,5 mil milhões de euros, no câmbio atual), quase o dobro registado no mesmo mês do ano passado.
Já o défice primário – que não inclui o que o Estado destina para pagar os juros da dívida, mas que o Governo usa como referência para medir a situação das contas públicas – de janeiro a agosto foi de 571,3 mil milhões de reais (86,8 mil milhões de euros), o que representa um aumento exponencial em relação ao mesmo período do ano anterior (21,9 mil milhões de reais, ou seja, 3,33 mil milhões de euros).
O Banco Central brasileiro também informou que a dívida pública bruta do Brasil era de 6,3 biliões de reais em agosto (960 mil milhões de euros), o equivalente a 88,8% do PIB. Esse valor representa um aumento de 2,4 pontos percentuais do PIB em relação ao mês anterior.
No início do ano, a dívida era equivalente a 76,2% do PIB e, segundo estimativas da Secretaria do Tesouro Nacional, poderia encerrar o ano perto de 100% devido aos gastos com o combate à pandemia do novo coronavírus e à forte queda da economia projetada para este ano.
O Governo e o mercado brasileiro preveem este ano uma queda da economia brasileira na ordem de 5%, embora as projeções sejam mais otimistas do que as de alguns órgãos internacionais como o Banco Mundial, que projeta uma queda de 8%.