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Macau, covid-19 e a dança das fronteiras

De um lado, aliviam-se as medidas impostas pela província de Cantão. Do outro, novos casos confirmados de covid-19 voltaram a complicar o fluxo de pessoas com Hong Kong. Os viajantes sofrem, a economia de Macau ainda mais.

Os últimos dias trouxeram várias novidades para aqueles que pretendem entrar e sair de Macau, ou circular entre as diferentes regiões que rodeiam a cidade. 

Com o período estabelecido para o corredor especial entre Macau e o aeroporto de Hong Kong (16 de Julho) prestes a terminar, o governo local anunciou uma alteração de procedimentos: a partir de hoje passa a ser preciso apresentar um teste de ácido nucleico negativo ao novo coronavírus para entrar e sair de Macau por esta via. 

As dúvidas eram muitas, as informações disponíveis poucas e depressa se aglomeraram centenas de pessoas no Posto de Testes de Ácido Nucleico do Pac On para solicitarem a realização do teste necessário. As autoridades, entretanto, garantiram apoio a todos os que, já tendo viagens marcadas, precisarem de fazer o teste com urgência. “Temos duas vias para ajudar: os Serviços de Turismo vão contactar, um a um, quem já tem bilhete de ‘ferry’ [para o Aeroporto de Hong Kong], para informar da nova medida. Se não conseguirem fazer a marcação podemos arranjar uma hora especial para quem já tem barco marcado e bilhete de avião para seguir viagem”, disse Alvis Lo Iek Long, da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, citado pela TDM.

A medida vem na sequência de um aumento de significativo do número de casos positivos de covid-19 em Hong Kong verificado nos últimos dias – ontem foram confirmados 41 novos casos. As autoridades da região vizinha de Macau voltaram a endurecer as medidas de prevenção, de acordo com o South China Morning Post, com especial enfoque no distanciamento social. Bares, karaokes e recintos como a Disneylândia voltam a fechar, restaurantes vêem as suas horas de funcionamento reduzidas e ajuntamentos permitidos passam de 50 para quatro pessoas.

Os dois casos recentes de contágio identificados nas Filipinas, relativos a trabalhadores não residentes que deixaram Macau, poderão também ter pesado nesta decisão das autoridades de saúde. “Esses casos chamaram a nossa atenção para uma maior segurança da população de Macau”, disse Alvis Lo Iek Long à TDM.

Cantão abre-se
Se o fluxo de pessoas com Hong Kong volta a complicar-se, o tráfego transfronteiriço com a província de Cantão deve, por seu turno, recuperar já esta semana: a partir das 6:00 de 15 de Julho, pessoas vindas de Macau deixarão de ter de cumprir um período de 14 dias de quarentena obrigatória em nove cidades da província de Cantão.

Esta decisão pode ser animadora também do ponto vista económico – recorde-se que as receitas do jogo em Macau caíram 97% em junho e mais de 77% no primeiro semestre, em relação a iguais períodos de 2019, num território em que 80% das receitas advém da receita gerada pelo imposto especial sobre o jogo e outros deveres contributivos das concessionárias. A 30 de junho, as autoridades de Macau também avançaram à Lusa que até maio mais de sete mil contratos foram cancelados ou não renovados no território.

Todos os viajantes que desejem entrar em Cantão terão que apresentar um certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico do novo tipo de coronavírus, bem como os respetivos códigos de saúde de Macau e da província de Cantão, mas o movimento transfronteiriço vai ser finalmente ser retomado. 

Os visitantes são essenciais para a economia de Macau. A última revisão das previsões macroeconómicas da Universidade de Macau (UM) aponta para uma quebra entre 54,5% e 60% no Produto Interno Bruto (PIB) do território neste ano, previsões estabelecidas tendo em conta cinco cenários relativos ao número de visitantes do território. Os cinco cenários são: o primeiro, com 5,16 milhões de visitantes, no segundo, 7,92 milhões, o terceiro, com 10,68 milhões, no quarto, 9,9 milhões, e o quinto, com 12,66 milhões. Para a UM, os cenários mais prováveis para o território em 2020 são “o primeiro, o segundo, ou uma mistura” destes dois.

Com a abertura gradual das fronteiras a partir de agora, os indicadores económicos de Macu poderão sofrer uma alteração positiva. Na China Continental, as cidades abrangidas pela nova medida são Zhuhai, Guangzhou, Shenzhen, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing.

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