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“Desconfinamento e abertura de fronteiras? Se relaxarmos podemos ter muitos problemas”

Gonçalo Lopes

As autoridades de Macau organizam a partir de hoje um serviço especial de transporte marítimo entre o território e Hong Kong, para permitir a pessoas retidas pela pandemia o regresso a casa. Entre estas há, por exemplo, duas dezenas de portugueses, que há muito anseiam pelo regresso a casa. Os casos de Covid-19 no Oriente, tal como em Portugal, têm registado um maior crescimento nas últimas semanas, mas, de acordo com especialistas, as fronteiras não têm necessariamente de continuar fechadas. A palavra de ordem é mesmo “consciência”.

Em conversa com o PLATAFORMA, a diretora da Escola Nacional de Saúde Pública de Portugal, Carla Nunes, considera que as fronteiras podem abrir, as pessoas podem circular, mas apela à consciência individual, mas também ao governo, concretamente no apertar das medidas de segurança.

“Independentemente do local para onde as pessoas vão ou de onde vêm, o importante é seguirem as medidas de proteção – higiene das mãos, máscara, distanciamento físico e monitorização dos sintomas. Tem de haver uma consciência individual muito forte, mas também as medidas por parte de quem controla têm de ser apertadas, só assim a reabertura pode ser viável. Defendo uma política muito forte neste sentido, pois se relaxarmos podemos ter muitos problemas”, começou por dizer a também especialista em Epidemiologia e Estatística, defendendo que o levantamento de medidas, por todo o mundo, não tem a ver apenas com questões económicas, mas também de “saúde mental e outras situações médicas” que ficaram afetadas pela Covid-19.

Além do corredor que Macau e Hong Kong vão abrir para proporcionarem o regresso de muitos a casa, há outros portugueses que estão espalhados pelo mundo, sobretudo por muito países lusófonos, onde os números da Covid-19 também ainda não estão controlados. Carla Nunes não distingue sociedades, mas deixa alertas. “Outras questões a levar em conta podem ser a densidade populacional dessas regiões, o acesso aos serviços de saúde e a capacidade de resposta dos serviços. O documento da comissão europeia de 11/6 é muito claro sobre os critérios que devem ser avaliados sobre as reaberturas das fronteiras. ​Esse documento fala em flexibilidade, ou seja, se for preciso voltar para trás, volta-se para trás“, considerou a especialista

Com a abertura de fronteiras, o regresso a casa de muitos milhares, a abertura de espaços comerciais, o tal desconfinamento, “é natural e expectável que os casos aumentem”. Quais os cuidados então a ter daqui para a frente?

“O perfil de infetados agora é diferente daquele do início da pandemia. Agora sabemos que há mais jovens infetados, mas felizmente não se esperam mortes neste setor. Preocupam-me as pessoas mais vulneráveis às formas mais graves da doença, que devem ser protegidas. Os mais velhos continuam a ser aqueles que têm de ser mais protegidos”, concluiu a diretora da Escola Nacional de Saúde Pública

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