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Liberdade, responsabilidade e tolerância

reportagem que publicamos esta semana sobre o jornal universitário Orange Post reveste-se de um significado especial. Ilustra uma consciência cívica e jornalística de um grupo de jovens que cultivam um espaço importante de cidadania e jornalismo. É também um laboratório no qual os estudantes experimentam um primeiro contacto com o exercício da liberdade de imprensa e sentido de responsabilidade social. Macau precisa de mais espaços deste género para promover e normalizar entre os jovens e a sociedade um saudável ambiente de pluralismo e espírito crítico. Sem receios de represálias.

O jornalismo é, na sua essência, um bem público  – vital para o exercício da cidadania – que se encontra sob elevada pressão, a nível global, em virtude do incómodo que provoca a poderes públicos e privados, da falência de modelos de negócio tradicionais e de uma proliferação de um ambiente de “pós-verdade”, que o corrói, dilacerando o entendimento do que são os factos e a realidade. 

A busca da verdade é a raison d’être do jornalismo, não no sentido absoluto ou filosófico, mas em termos práticos e com honestidade intelectual, e seguindo as boas regras que alicerçam o nosso papel social de serviço público e parte de um sistema de pesos e contrapesos. 

O problema complica-se de sobremaneira quando estamos perante situações de extremar de posições ou “guerra informativa”, como aquela que vivemos relativamente a Hong Kong. Dos vários lados são partilhados vídeos, textos, artigos que se revelam completas manipulações ou distorções dos factos e que incendeiam os ânimos. É por isso preciso, mais do que nunca, fomentar uma sensibilização social relativamente às formas de verificação, cujos instrumentos são não poucas vezes negligenciados pelos próprios jornalistas para não falar do comum cidadão. A educação para os media e a literacia mediática surgem assim como uma necessidade premente, a par de uma promoção de uma cultura de tolerância pelas diferentes opiniões e combate ao discurso do ódio que infecta as redes.  Isto, sem cair na tentação e nos riscos inerentes à lógica da criminalização. 

Em tempos tão conturbados, cabe-nos a todos – jornalistas, cidadãos, instituições  e responsáveis políticos – zelar pelo jornalismo sólido em clima de liberdade, responsabilidade social e  tolerância. É algo de inestimável.

José Carlos Matias 22.11.2019

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