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Mais empresas locais a entrar no mercado de capitais de Hong Kong e do Continente

Depois da liberalização da indústria do jogo em Macau, esta não foi a única a desenvolver-se, havendo também algumas indústrias não relacionadas com o jogo que estão a conseguir gradualmente expandir-se graças aos lucros acumulados ao longo dos anos, passando do mercado local para o mercado vizinho.

A empresa de Construção Lai Si, que já opera em Macau há mais de 30 anos, é um exemplo. Em fevereiro de 2017, a empresa entrou para a bolsa de valores de Hong Kong, sendo a primeira companhia de construção do território a fazê-lo. Para dar a conhecer a empresa e expandir-se além do mercado local, a Lai Si escolheu Hong Kong, que é não só um mercado vizinho, como também um dos maiores a nível mundial. Também outras empresas deste setor tiveram um desenvolvimento semelhante.

“Na verdade, no que toca ao ramo da construção, na passada década a Cotai Strip tem sido o alvo em vista por parte de todos e, normalmente as empresas conseguem com os seus lucros atingir os requisitos para entrar na bolsa de valores de Hong Kong (…) Fora a indústria do jogo, Macau é também um ponto comercial importante, tanto no campo turístico como no da construção”, disse Li Ming Shan, chefe executivo da empresa de construção Lai Si.

A Kin Pang Holdings, também de Macau, entrou para a bolsa de valores de Hong Kong a 15 de dezembro de 2017. Na sua lista de clientes inclui-se o Governo de Macau, empresas de eletricidade e água, hotéis e estâncias. 

O resultado líquido divulgado pela própria empresa foi de 71,5 milhões de dólares de Hong Kong, sendo a razão principal para a entrada neste mercado a obtenção de capital para possibilitar a criação de novos e maiores projetos por parte da empresa e para a expansão dos seus recursos humanos. 

De acordo com a bolsa de valores de Hong Kong, as empresas de construção locais, Pacilink e Space Group, estão na lista de candidatos para uma futura entrada. Os principais projetos centram-se na renovação e decoração de interiores, e a maior parte dos lucros têm origem em hotéis e casinos de Macau. 

De acordo com as “Regras de Listagem da Bolsa de Valores de Hong Kong”, os acionistas das empresas que constam na lista deverão, nos últimos três anos, ter obtido um lucro de 50 milhões de dólares de Hong Kong, (no passado ano 20 milhões e nos dois anos anteriores 30 milhões), tendo um valor de mercado de, no mínimo, 200 milhões.

No que toca aos requisitos para empresas maiores, o critério utilizado pode ser o valor de mercado, os lucros ou fluxo de capital. Por exemplo, um valor de mercado igual ou superior a dois mil milhões de dólares de Hong Kong, lucros de pelo menos 500 milhões registados no último ano fiscal, e um fluxo de capital no valor mínimo de 100 milhões nos últimos três anos fiscais. Para empresas maiores, o valor de mercado de entrada na lista é de quatro mil milhões e um rendimento que cumpra o requisito de, no mínimo, 500 milhões no último ano fiscal. 

De acordo com análises da Deloitte China, durante os primeiros 10 meses de 2017, a bolsa de Hong Kong contou com 121 novas entradas, resultando num total de 89 mil milhões de dólares de Hong Kong. Destas novas entradas, 65 constam na lista de Mercado de Empresas em Crescimento (Growth Enterprise Market -GEM), e 56 na lista principal. Entre as mais de 180 candidaturas ativas, mais de 60 por cento são de empresas da China não continental, 10 são de Macau. 

A Deloitte China, que ajuda nas listagens da bolsa de valores de Hong Kong, irá organizar em Macau em novembro seminários sobre a entrada na bolsa. A nova bolsa de valores de Hong Kong tem assim atraído o interesse de cada vez mais pequenas e médias empresas de vários setores e regiões, de acordo com Ou Zhenxing da Deloitte China. Do ponto de vista macroeconómico, o desenvolvimento gradual da economia chinesa e norte-americana também trouxe vantagens para o acesso e estabelecimento em mercados de capital em Hong Kong. Juntam-se a este fator os projetos de grandes infraestruturas, como autoestradas e a ponte de ligação entre Hong Kong, Zhuhai e Macau, que fornecem oportunidades para empresas locais entrarem no mercado de Hong Kong. 

Outras Vias

Sidney Cheng, diretor geral da Deloitte China Macau, salientou que, no futuro, existirão empresas do setor tecnológico e da restauração que irão emergir na nova bolsa de valores de Hong Kong e, dessa forma, promoverão o desenvolvimento da indústria em Macau. 

Estas, a longo prazo, irão alinhar o desenvolvimento da economia local com a direção mundial. Para Li Ming Shan, a razão pela qual as empresas do território consideram primeiro a entrada no mercado de Hong Kong deve-se ao facto de ter inúmeros canais de criação de fundos e por ser um espaço financeiro estável e seguro. 

Oficialmente denominado de “Novo Terceiro Quadro”, o sistema chinês de transferência de ações para pequenas e médias empresas foca-se em servir este tipo de empresas inovadoras, empreendedoras ou em crescimento. O “Novo Terceiro Quadro” existe para que empresas chinesas qualificadas que não constam na bolsa de valores possam, através de um intermediário, candidatar-se à transferência de ações, financiamento de capital e financiamento por dívida. 

Paralelamente, pequenas empresas de Macau já apostaram na entrada no mercado de transação de ações da China continental. Empresas como a Macau Study Hard e a Famous, por exemplo, foram listadas em 2017 no “Novo Quarto Quadro”. Este corresponde ao mercado de transação de ações doméstico. É um mercado não público, regulado por governos locais e privados, que fornece a pequenas e microempresas serviços acionários e de financiamento.

Em junho de 2017, a empresa Macau Study Hard foi a primeira empresa local a ficar listada no “Novo Quarto Quadro”, em Shenzhen. De acordo com os meios de comunicação, graças à entrada no “Novo Quarto Quadro”, a empresa conseguiu angariar fundos para a criação de aplicações para telemóvel, assim como a criação de novas filiais em Macau e Shenzhen. 

Também em 2017, em setembro, a empresa Famous de Macau entrou para o “Novo Quarto Quadro”. A empresa presta serviços de reparação e conservação de artigos de pele. 

Shao Hua

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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