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Uma visita cheia de nada

O Presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional chegou, disse e partiu, sem nada dizer em público nem nada se saber sobre o que terá dito em privado a Chui Sai On. Zhang Dejiang, número três na hierarquia do regime, repetiu referências antigas à diversificação económica, tendo frisado as conquistas da Região Administrativa Especial, como é tradicional e sempre esperado. Para além disto, nada. E isso é de alguma forma surpreendente.

Há muito que deixou de ser segredo o desgaste do Chefe do Executivo. Nem sequer é pelo mal que faz, mas sobretudo pelo mal que faz demonstrando ser incapaz de fazer. A começar pela dificuldade que tem em liderar, o que deixa um espaço vazio difícil de preencher. Mesmo por parte do seu círculo mais chegado de poder, pois, fazendo tudo o que querem, pouco ou nada fazem em relação aos anseios da população local e às principais diretrizes traçadas pelos decisores políticos e económicos do Continente.

O espaço em branco já não será preenchido. Já passaram muitos anos. Um mandato e meio é mais que suficiente para marcar um estilo, vincando um ciclo que sofre cada vez maior contestação. Não era naturalmente essa a expectativa de Pequim. É certo que não enfrenta em Macau divisionismos nem sequer qualquer contestação ao princípio de que “um país” vem sempre primeiro que os “dois sistemas”. Mas também não levam daqui grandes exemplos de governação autonómica. Nem a bem do país, nem sequer do segundo sistema.

É natural que não haja em Zhang Dejiang sinais de descontentamento. Mas nos bastidores da política de Macau já só se discutem dois temas: se Chui Sai On acaba o mandato, e quem está melhor posicionado para o suceder. Falta muito tempo. E na hipótese mais do que provável de Chui Sai On terminar o mandato, falta mesmo muito para que novos tempos possam virar Macau para o futuro.

Não é brilhante. Não há de facto grande coisa a dizer. Provavelmente não há nada a fazer. É o que é. E assim vai continuar a ser. Pelo menos até ver. Até lá, pouco ou nada há também a dizer.

Paulo Rego     

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