Quando Pequim cancelou uma visita agendada de um enviado diplomático, destinada a abrir caminho para a reunião anual de ministros dos negócios estrangeiros da China, Japão e República da Coreia a ser realizada em Tóquio, surgiram receios de que ela poderia não se realizar este ano.
Dez dias mais tarde, no dia 21, a incapacidade de se alcançar um consenso quanto à data do evento durante uma reunião especial de vice-ministros apenas veio exacerbar o pessimismo.
Mesmo após os três países terem finalmente conseguido anunciar no dia 22 que a reunião se iria realizar no dia 24, para alguns existe ainda a questão preocupante de se haverá ou não um encontro bilateral entre os ministros dos negócios estrangeiros da China e do Japão.
A insistência de Pequim de que o ministro dos negócios estrangeiros, Wang Yi, “não estará a fazer uma visita ao Japão”, mas estará a deslocar-se para lá para a reunião tripartida, é sintomática das relações frias que existem atualmente entre os dois países.
Na verdade, a atmosfera entre os três países não é muito favorável a discussões frutíferas por parte dos seus principais diplomatas. Afinal de contas, as relações de Pequim com Tóquio e Seul atingiram recentemente o fundo do poço, e Seul e Tóquio tampouco estão de boas relações devido à disputa sobre a Ilha Dokdo (Ilha Takeshima, em japonês).
Dado o clima atual, seria irrealista esperar muito das suas discussões, mesmo em matérias prementes como o programa de armas nucleares da República Popular Democrática da Coreia, ou em questões onde já existe algum consenso entre os países, como o acordo de livre comércio China-Japão-Coreia. As atuais diferenças entre os três países em termos de segurança e de política dificilmente permitirão mais do que um comunicado compartilhado de consensos sobre princípios abstratos.
Mas isso não torna o encontro insignificante.
Isto porque ele está finalmente a acontecer, o que é algo de grande importância, pois o encontro transmite a mensagem essencial de que os três países, mesmo que divididos em algumas questões, permanecem convencidos de que devem mesmo assim cooperar. Isto é, em muitos aspetos, mais importante do que um encontro individual entre os ministros dos negócios estrangeiros da China e do Japão.
Tal como observa o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, através deste encontro pode ser preservado o impulso da cooperação China-Japão-Coreia, o processo de integração regional no Leste da Ásia pode ser desenvolvido e os três países poderão avançar em direção ao objetivo de criar uma comunidade económica da Ásia Oriental até 2020.
Este prazo pode parecer demasiado ambicioso, dada a situação atual, mas o facto de que a via oficial para a comunicação tripartida não foi abandonada mantém pelo menos viva a esperança de concretizar uma comunidade económica.
O verdadeiro desafio será então que os três países consigam conter as suas divergências e coordenar os seus interesses de segurança, pois foi a partir daí que todos os seus problemas surgiram.
É essencial que os três países continuem os seus diálogos para bem da paz, desenvolvimento e prosperidade da região.
Editorial