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A TEORIA DA BORBOLETA CHEGOU AO NEVADA

O discurso anual do chefe do executivo de Macau, esta semana na Assembleia Legislativa, esmoreceu ainda mais os investidores internacionais no setor do jogo, cujas receitas em fevereiro foram metade das do mês homólogo de 2014.

Costuma dizer-se que quando alguém espirra em Pequim, Macau constipa-se, mas esta semana, o que prevaleceu foi a teoria da borboleta que, batendo as asas no Cotai (em Macau, onde estão os maiores casinos do mundo) provocou um nevão no deserto de Nevada, (nos EUA, onde se localiza Las Vegas.
Há anos que as receitas do jogo em Macau são sete vezes superiores às de Las Vegas, e os grandes casinos americanos – Wynn, Sands e MGM – não perderam tempo a instalarem-se na única cidade chinesa que autoriza o jogo. A experência tem sido de grande sucesso e novos, e gigantescos casinos estão projetados, mas em 2014 os resultados começaram a piorar.
O setor do jogo em Macau encerrou 2014 com uma receita global de 352.714 milhões de patacas (38.231 milhões de euros), menos 2,52% do que o apurado em 2013. No mês passado, as receitas caíram 49% em relação a fevereiro de 2014. Tudo isto aconteceu, dizem os analistas, devido à grande campanha anticorrupção que decorre na China, que afastou os grandes apostadores da mesas de Macau. O endurecimento da legislação antitabagista e o desvio de dinheiro para apostas no Mundial de Futebol do Brasil completaram o quadro.
Na segunda-feira, e na sequência de recados de Pequim para maior controlo do jogo, o chefe do governo local, Fernando Chui Sai On prometeu um novo modus operandi. “Empenhar-nos-emos no aperfeiçoamento da legislação relacionada com a indústria do jogo, no reforço da fiscalização, na regularização das atividades das empresas do setor e na promoção do ‘jogo responsável’”.
Um dia depois, a agência financeira Fitch baixava a previsão para as receitas do jogo em Macau, de uma queda de 4 pontos para 22. “Acreditamos que permanece algum risco, que as concessões de vistos [de entrada de chibeses em Macau] e as regras de tabagismo tornar-se-ão mais restritivas e que os novos casinos não obterão todas as mesas previstas”, refere o documento, datado de 25 de março.
Escrevendo na sua habitual coluna do “Las vegas-Review Journal”, Howard Stutz considerou que o discurso de Chui “não foi aquela mensagem inspiradora e positiva que a indústria de casinos estava à espera de ouvir”. Apesar disso, o colunista cita um analista do Deutsche Bank, Andrew Zarnett, que admite que o discurso de Macau não surpreendeu a instituição.
No “Business Insider”, a editora Linette Lopez alinhou com o tom de Stutz e escreveu que “Wall Street se apressou a baixar as previsões de 2015 para Macau, após o discurso” de Chui Sai On.
Menos pessimistas, Jay Milliken e David Brabbins escrevem no diário “South China Morning Post”, de Hong Kong, que acabaram “os dias de sucesso fácil” para os casinos de Macau. “Agora, parecem os piores dos tempos, mas se forem enfrentados na sua nova realidade e houver uma nova aproximação estratégica e balanceada ao crescimento , os bons tempos poderão voltar mais depressa do que muita gente pensa”, referem os dois analistas da consultora Prophet.

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