Um jornal oficial chinês advertiu esta semana o partido pró-independência de Taiwan, DPP, que os resultados eleitorais de domingo “nunca poderão inverter o progresso” alcançado nos últimos anos nas relações entre a ilha e a China Continental.
“O DPP (Partido Democrático Progressista) está a ganhar predominância, mas não pode fazer o que quer”, disse o jornal Global Times num editorial sobre a “substancial derrota” do Partido Nacionalista (KMT) nas eleições locais em Taiwan, que provocaram a demissão do governo da ilha.
Nas 22 autarquias em disputa, o KMT, favorável ao dialogo com o Pequim, conquistou apenas seis e o DPP, partidário da independência, treze.
Taiwan – a ilha onde se refugiou o governo da antiga República da China quando o Partido Comunista Chinês (PCC) tomou o poder no continente, há 65 anos – é vista por Pequim como uma província chinesa e não uma entidade politica soberana.
Na imprensa oficial, o chefe do governo de Taiwan é sempre identificado como “administrador-chefe” e não como primeiro-ministro.
As relações Pequim-Taiwan agudizaram-se entre 2000-2008, quando o DPP governou a ilha, mas após o regresso ao poder do KMT, há seis anos, entrou num período de desanuviamento sem precedentes. Pela primeira vez desde o final da guerra civil chinesa foram restauradas as ligações aéreas diretas entre o continente e a ilha.
“Se o DPP quer voltar ao leme, deve ter em atenção que o progresso nas relações através do Estreito de Taiwan nunca poderá ser invertido”, adverte o Global Times, jornal de inglesa do grupo Diário do Povo, o órgão central do PCC.
O jornal admite que o processo democrático em Taiwan “pode servir como a referência” ao continente, mas sustenta que “é ingénuo ver a democracia ocidental como uma garantia de progresso social”.
“A correlação entre democracia ocidental e progresso social ainda está por provar. Nesse sentido, o futuro de Taiwan é altamente incerto”, acrescenta o editorial.
Pequim defende a “reunificação pacífica” com Taiwan segundo a mesma formula adotada em Macau e Hong Kong (“um país, dois sistemas”), mas admite “usar a força” se a ilha declarar a independência.
Ao contrário do DDP, o KMT reconhece que “só há uma China” no mundo e oficialmente Taiwan continua a identificar-se como “Republica da China” (sem o adjetivo “Popular”, usado pelo governo de Pequim).