A economia de Macau tem sido, há muito, prejudicada por uma excessiva dependência de um único setor. Agora, à medida que a cidade entra numa fase crítica de transformação económica, a forma como os jovens podem traçar os seus percursos profissionais tornou-se uma questão premente para a sociedade. Atualmente, os principais desafios no emprego jovem em Macau resultam de um desequilíbrio na oferta de empregos e das dores de crescimento provocadas pela reestruturação económica. Embora a estratégia de diversificação moderada “1+4” do governo tenha apontado um caminho para os jovens, continuam a ser necessários planos de desenvolvimento industrial mais concretos. É essencial dar prioridade ao emprego dos residentes de Macau e definir claramente a direção económica futura da cidade, de modo a criar mais oportunidades de emprego de qualidade.
O mercado de trabalho de Macau enfrenta um duplo desafio: a redução das oportunidades de emprego para os residentes locais e uma proporção desproporcionalmente elevada de trabalhadores importados. Segundo dados da DSAL, em maio de 2025 havia 31.955 trabalhadores não residentes empregados no setor hoteleiro — cerca de 17,3% de toda a mão-de-obra importada em Macau, representando um aumento de 2.664 em relação ao ano anterior. Promover a “substituição da mão-de-obra importada” é uma medida eficaz a curto prazo para aliviar a pressão sobre o emprego. O governo deve incentivar os principais operadores de Jogo a assumir as suas responsabilidades sociais e liderar um processo gradual de substituição, por residentes de Macau, dos postos atualmente ocupados por trabalhadores importados — mas adequados aos locais — revitalizando assim o dinamismo central da economia local. Paralelamente, o governo poderia tornar a eficácia da localização da mão-de-obra num critério fundamental para a renovação das licenças de Jogo, utilizando a orientação política e a cooperação empresarial para proteger verdadeiramente os direitos laborais dos residentes locais.
Olhando para o futuro, Macau deve cultivar uma base industrial diversificada para criar oportunidades profissionais que estejam alinhadas com as formações académicas dos jovens. Muitos estudantes escolhem os seus cursos de acordo com a estratégia “1+4”, apenas para se depararem com poucas oportunidades de emprego em Macau após a graduação. Isso leva à fuga de cérebros ou obriga-os a aceitar empregos sem relação com os seus estudos. Segundo a DSEC, em 2019, as receitas do Jogo representaram uns impressionantes 50,9% do PIB, evidenciando o desequilíbrio estrutural da economia. Para colocar isto em perspectiva, cada uma das 23 maiores empresas da lista das 500 Maiores Empresas Privadas da China em 2024 teve receitas anuais superiores ao total das receitas do Jogo em 2019. Estes números tornam evidente que, se Macau conseguir atrair ou desenvolver empresas líderes com competitividade internacional, não só criaria uma vantagem competitiva central, como também impulsionaria o crescimento das cadeias de valor a montante e a jusante, gerando um grande número de empregos de elevada qualidade, substituindo — ou até superando — o papel económico da tradicional indústria do Jogo.
Recomenda-se que o governo da RAEM otimize a estratégia “1+4”, definindo metas claras, por fases, com caminhos de implementação, visando a introdução de empresas de referência alinhadas com a direção de desenvolvimento de Macau, e reforçando a colaboração entre a indústria e a academia para alinhar de forma mais precisa a oferta de talentos com a procura. Devem ser melhoradas as medidas de apoio aos setores relacionados para impulsionar a transformação e modernização económicas, criando assim mais empregos de qualidade para os residentes locais.
A transformação económica de Macau exige esforços concertados tanto do governo como das empresas, de modo a proteger verdadeiramente o emprego local e a concentrar-se no desenvolvimento de indústrias nucleares altamente competitivas — permitindo a Macau estabelecer uma vantagem competitiva única na cooperação regional.