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“Xi Jinping deixou orientações claras sobre a plataforma”

O delegado da Guiné-Bissau,que acaba de receber um certificado de mérito do Fórum Macau, elogia a sua “dinâmica enquanto plataforma de cooperação”. Abdú Jaquité considera que o discurso de Xi Jinping, nos 25 anos da RAEM, “deve ser aproveitado para reforçar essa dinâmica crescente”

Paulo Rego

– Como vê esta distinção? Que significado tem em termos pessoais?

Abdú Jaquité – Essa distinção, simbolizada pelo Certificado de Mérito e reconhecimento, é para mim um reconhecimento do empenho e dedicação pelos serviços prestados no exercício das minhas funções. Sirvo-me desta oportunidade para agradecer ao Secretariado Permanente do Fórum de Macau pela iniciativa e atribuição, recebendo-o com orgulho, em meu nome e do meu país. É um gesto que me honra e cujo significado reflete, de forma clara, a hospitalidade e o profissionalismo excecionais de todos os membros do Secretariado Permanente.

Repito: para mim, é uma forma de manifestar o reconhecimento pelo meu empenho ao longo do meu mandato no ano de 2024 como coordenador do Gabinete de Ligação dos Países da Língua Portuguesa no Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países da Língua Portuguesa (Fórum Macau).

– Na sua opinião, o que justifica esta distinção?

A.J. – Creio que esta distinção se justifica como uma motivação para os futuros delegados e coordenadores. É uma demonstração da capacidade de reconhecimento e profissionalismo dos membros do Secretariado Permanente.

– Qual foi a reação em Bissau? Que efeito pode ter nas relações com Macau?

A.J. – O Secretariado Permanente do Fórum de Macau comunicou oficialmente a atribuição deste certificado de mérito ao Governo da Guiné-Bissau através das entidades governamentais, nomeadamente ao Ministério da Economia, Plano e Integração Regional, que é a entidade responsável pelos assuntos do Fórum de Macau na Guiné-Bissau; e foi também transmitido por via diplomática. A reação do Governo da Guiné-Bissau, como imagina, foi de grande satisfação, consideração e orgulho, uma vez que este reconhecimento reflete o compromisso do País com o desenvolvimento das relações económicas e comerciais entre a China e o espaço lusófono. Em relação a Macau, demonstra o papel de Macau e a sua dinâmica enquanto plataforma de cooperação, fomento e desenvolvimento comum do interior da China e dos Países da Língua Portuguesa.

– Ao longo de mais de duas décadas, como descreve a relação da Guiné-Bissau com a plataforma sino-lusófona?

A.J. – As relações da Guiné-Bissau com a plataforma sino-lusófona são das melhores e têm perspetivas promissoras para o futuro. Os resultados concretos manifestam-se pelo aumento significativo das nossas trocas comerciais com a China; e, para este ano agrícola, dará início à exportação da castanha de caju da Guiné-Bissau para a China, construção de várias infraestruturas e início da exploração dos recursos minerais, como bauxita e fosfato, entre outros.

– Além das relações com a China, a plataforma em Macau permite reforçar também a relação entre os próprios Países de Língua Portuguesa?

A.J. – Claro que sim. Utilizando a plataforma Macau, sobretudo durante as conferências ministeriais que se realizaram em Macau e também nas diferentes exposições no âmbito do Plano de Atividades anual do Secretariado Permanente. O Fórum de Macau cria oportunidades de intercâmbio para as autoridades e o mundo empresarial dos PLPs, nomeadamente no âmbito da Conferência Ministerial e da Conferência Empresarial em Macau, e seminários de Cooperação Empresarial rotativos.

– Tem havido muitas críticas ao papel da CPLP e à ideia de um bloco lusófono. Será a China, nesta altura, o grande motor dessa ideia? Estará a ideia de Lusofonia hoje dependente da importância que a China lhe dá?

A.J. – A China, possuidora de um potencial económico mundialmente reconhecido, a segunda maior economia do mundo, com o seu programa da Rota da Seda e outros, pode, com certeza, jogar um papel importante no reforço e na dinâmica da cooperação no espaço lusófono.

– No contexto da “guerra económica” e da tensão Pequim/Washington, até que ponto o engajamento com a China prejudica as relações com Washington? Sente-se em Bissau a pressão da diplomacia norte-americana contra a China?

A.J. – No quadro multilateral, existem instrumentos económicos e normas de cooperação definidos pelas instituições apropriadas, nomeadamente a Organização Mundial do Comércio, etc. No âmbito bilateral, os Estados e as economias se aproximam de comum interesse.

– Houve mudanças organizacionais no Fórum Macau, nomeadamente com o novo papel do IPIM. Que expectativas isso lhe abre?

A.J. – Abre muitas expectativas, tendo em conta a vasta experiência do IPIM, que é o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. Se hoje o IPIM está a dar apoio ao Secretariado Permanente, isso é bem-vindo. A carteira de relações, os contactos e o alcance do próprio IPIM no que toca à promoção, comércio e investimento, são bastante significativos.

– O Fórum Macau tem sido criticado por falta de resultados concretos. Percebe essas críticas? Que estratégias, na sua opinião, podem ser seguidas para melhorar os resultados e a perceção da importância do Fórum?

A.J. – Quanto a essa questão, eu, na qualidade de delegado de um país membro, tenho uma opinião diferente. Se analisarmos as estatísticas de comércio, investimento e construção de infraestruturas ao longo dos 21 anos entre a China e os PLPs, podemos concluir sem dúvida que os resultados concretos são imensos e com ritmos de crescimento impressionantes. Os trabalhos realizados pelo Secretariado Permanente, que é uma instituição com funções especificadas no seu estatuto operacional, foram sempre avaliados de maneira positiva na Reunião Ordinária anual pelos dez países. O importante é promover a implementação do Plano de Ação entre todas as partes.

– O novo Governo de Sam Hou Fai tem reafirmado a importância da plataforma lusófona. Acha que este novo ciclo abrirá novas portas ao projeto?

A.J. – Acho que sim, haverá novas oportunidades, desde logo, o reforço da cooperação entre a China e os países da CPLP; e, através destes, a outros mercados. Esta é a minha opinião pessoal.

– Que importância dá ao discurso de abertura de Xi Jinping nas relações da China com a Lusofonia e o papel de Macau nessa plataforma?

A.J. – O discurso de Xi Jinping, para mim, deixou orientações claras sobre a plataforma e o papel de Macau. Acho que deve ser aproveitado para reforçar essa dinâmica crescente.

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