“Nós rejeitamos de forma liminar, de forma taxativa, estes resultados. São resultados tremendamente e absurdamente falsos, adulterados, mentirosos. Não são resultados que refletem a vontade do povo”, afirmou num vídeo divulgado na rede social Facebook.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou ontem a vitória de Daniel Chapo (Frelimo) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos, resultados que ainda carecem da validação do Conselho Constitucional.
Segundo os resultados do apuramento geral das eleições de 09 de outubro, anunciados pelo presidente da CNE, Carlos Matsinhe, em Maputo, Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), venceu com mais de 50% dos votos em todos os círculos eleitorais do país, somando no total 4.912.762 votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos. A declaração de Venâncio Mondlane foi feita em “local incerto”, como o próprio afirmou, justificando com o que acusa de ser “um plano dos esquadrões da morte da Frelimo” para o matarem.
Mondlane desafiou a CNE e a Frelimo a provarem os resultados que dão a vitória a Chapo e ao partido no poder desde a independência, para o que deverão apresentar provas, neste caso, os editais das assembleias de voto.
Relativamente às manifestações de rua, Mondlane criticou as forças de defesa e segurança, acusando-as de estarem a usar balas verdadeiras para reprimir os populares que contestam a vitória da Frelimo e apelou aos oficiais subalternos que detenham os comandantes, que lhes transmitem as ordens para disparar contra o povo.
Não aceitem ordens dos vossos comandantes. São orientações ilegais e criminosas”, frisou, evocando o que aconteceu em Portugal na revolução do 25 de Abril de 1974, quando oficiais subalternos derrubaram o regime colonial português.
Referindo que as manifestações são um direito previsto na Constituição moçambicana, Venâncio Mondlane apelou à continuação dos protestos, que pediu para serem pacíficos e garantiu que na sexta-feira a contestação será maior.
“Vamos intensificar cada vez mais. Amanhã (sexta-feira) vamos intensificar cada vez mais. Os bairros que não saíram hoje, vamos sair todos. Vamos para a rua, em todos os distritos, em todas as capitais provinciais”, defendeu, referindo que na próxima semana poderá começar a terceira de quatro fases que prometeu de protestos até à proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional.
Mondlane referiu que a Frelimo “continua a usar a força para se manter no poder. Usa as forças de defesa e segurança, que disparam balas verdadeiras e estão a matar moçambicanos”.
O candidato citou, a concluir, Afonso Dhlakama, líder histórico da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal movimento de resistência ao poder da Frelimo e que durante 16 anos protagonizou uma guerra civil contra o regime. “A revolução já chegou. A hora já chegou”, vincou.
O anúncio dos resultados feito hoje pela CNE acontece no primeiro de dois dias de greve geral e manifestações em todo o país convocadas por Mondlane contra o processo eleitoral deste ano, que está a ser marcado por confrontos entre manifestantes e a polícia nas principais avenidas da capital moçambicana.
Plataforma com Lusa