“Eu não quero ter uma audiência com o Presidente quando todos tiverem morrido.” O desabafo é do português João Tomás Bossa, de 39 anos, que praticamente desde o início da guerra em Gaza está a tentar tirar a família da sua mulher, palestiniana, do enclave. E desespera com a falta de resposta das autoridades, que até ao momento só conseguiram tirar a sua sogra do cenário de guerra. Os restantes vinte membros da família, entre os quais 13 crianças e um jovem de 19 anos, vivem numa tenda em Rafah, à espera de que a qualquer momento as forças israelitas possam lançar um ataque a essa cidade.
O desabafo de João ao DN surge quando se lembra do pai com dupla nacionalidade palestiniana e portuguesa, cuja mulher e dois filhos morreram num bombardeamento na véspera de saírem de Gaza. Só se salvou a bebé Nour. No final de janeiro, Ahmed Ashour foi recebido numa audiência por Marcelo Rebelo de Sousa. “Provavelmente o Presidente quis-lhe dar as suas condolências”, disse João antes do desabafo, explicando que não quer que lhe aconteça o mesmo. E pedindo para que Marcelo “faça o que puder enquanto as pessoas estão vivas e ainda há possibilidade de fazer alguma coisa”.
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